São Paulo, quarta-feira, 23 de maio de 2001

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URBANIDADE

Casa antiapagão

GILBERTO DIMENSTEIN
COLUNISTA DA FOLHA

Morador dos Jardins, o arquiteto Rafaelle Bellasai planeja viver longe do tumulto urbano e está erguendo, a 46 km de São Paulo, uma casa ecologicamente correta -à prova de apagões.
Vizinha de uma reserva florestal e construída no condomínio Ecoville, do qual ele é o arquiteto responsável, a casa foi pensada para gastar o mínimo de energia hidrelétrica. "Vou aproveitar o sol e o vento."
Na futura casa de Rafaelle, o aquecimento da água, a começar pela da piscina, e parte da iluminação virão da energia solar. Uma minicentral de gás também será usada. "Estamos pensando em retirar gás do lixo." No condomínio, 100% do lixo vai para a reciclagem.
Até gostaria de radicalizar e nem sequer usar o gás, mas ainda não considera viável o uso da energia solar em todos os aparelhos, do refrigerador ao computador, passando pela televisão. "Temos de esperar. Já existe tecnologia, mas está muito cara."
O fundamental, segundo ele, são as soluções mais simples -as que valorizam a iluminação e a ventilação naturais. A sala e os quartos foram desenhados para aproveitar cada segundo da luz do dia; encurtaram-se, por exemplo, os corredores.
As janelas foram posicionadas levando-se em conta a direção dos raios solares, o que implica a elaboração de um projeto paisagístico que não interfira em pontos estratégicos de captação da luz.
Num esforço para manter arejados os ambientes, a construção foi projetada com pé-direito alto e paredes feitas de tijolos maciços em vez de blocos. O uso de materiais antitérmicos nos telhados também contribuiu para evitar a elevação da temperatura no interior da casa. Tudo foi organizado para aproveitar o vento, fazendo-o circular em salas e cômodos. São recursos que desestimulam o uso de ar-condicionado, um dos principais devoradores de quilowatts.
Na mistura de formas e tecnologia, Rafaelle constrói o que imagina ser o ponto ideal de integração da arquitetura com a natureza. Mas, no íntimo, ele tem dúvidas de que vá viver feliz nesse paraíso ecológico.
Ele é um apaixonado por Roma, cidade onde nasceu e estudou arquitetura. Depois se encantou pelo Brasil, veio morar em São Paulo e virou pai. "Eu reclamo do barulho, da agitação, mas ainda não sei se consigo viver longe da cidade."

E-mail: gdimen@uol.com.br



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