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PUC
Alunos vêem incoerência em trabalho de mestrado; capitão liderou repressão a protesto contra a Alca
Pressão faz PM adiar defesa de tese
ESTANISLAU MARIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O temor de um confronto com
universitários levou o capitão da
Polícia Militar Francisco Wanderlei Rohrer, 47, aluno da pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a adiar por duas semanas a
defesa de sua dissertação de mestrado em psicologia social.
Aconselhado pela direção do
curso, Rohrer decidiu, na última
sexta-feira, adiar a defesa, marcada para anteontem. Ele afirmou
ontem à Folha que já foi marcada
nova data: 14h do próximo dia 4.
Os estudantes do comitê PUC-SP de Ação Global contra o Capitalismo já avisaram que estarão
presentes, com representantes da
USP, com a mesma estratégia de
anteontem: faixas, cartazes e pessoas manchadas de vermelho, utilizando gaze e esparadrapo.
Eles protestam contra a violência da polícia e contra o que classificam de incoerência na tese de
Rohrer, que comandou a ação da
PM contra manifestantes na avenida Paulista, no último dia 20,
durante um protesto contra a Alca (Área de Livre Comércio das
Américas) e a globalização.
O protesto terminou em pancadaria, com dois policiais e pelo
menos dez manifestantes feridos.
"Não é pessoal contra o capitão,
mas contra a truculência da PM e
a incoerência entre a prática do
oficial e a tese dele", disse Leonardo Pinho, 21, aluno de ciências sociais e integrante do comitê.
"Identidade do Policial Comunitário: Metamorfose e Emancipação" é o título da dissertação,
em que o capitão discute a ação da
PM, relata avanços no respeito
aos direitos humanos com a implantação do policiamento comunitário e aponta a necessidade de
uma polícia cada vez mais democrática, cidadã e menos violenta.
Em reunião, ontem, com a direção da pós-graduação, os alunos
se comprometeram a fazer um
protesto silencioso, sem atrapalhar a apresentação do trabalho.
Por lei, o acesso ao evento é livre.
Eles pedem a reprovação do capitão e querem entregar à banca
examinadora fotos do confronto
na avenida Paulista e um dossiê
sobre a violência policial.
"Entendemos que ele rompeu
com o objeto de estudo. Sendo comandante da operação, a tese é
uma incoerência", disse Pinho.
Rohrer admite que comandou o
batalhão no começo da manifestação, mas se exime de culpa pela
pancadaria. Segunde o capitão,
depois que levou uma pedrada e
foi levado ao hospital, a tropa de
choque assumiu. Os estudantes
dizem que o choque chegou apenas no final do protesto.
"O equívoco é misturar uma
pesquisa acadêmica que estuda
transformações da PM com uma
ação do grupamento", afirmou o
professor Antonio Ciampa,
orientador de Rohrer.
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