São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2006

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Ladrões destroem escultura do 14 Bis e de Santos Dumont

Em ataque que ocorre pelo menos desde sexta, grupo retira o bronze e o latão que formam a peça, localizada em Santana

Estrutura, que homenageia o centenário do vôo feito em Paris, ocorrido há cem anos, poderá ser recuperada ou substituída via concurso

RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na última sexta foram as asas. Ontem foi a vez de Santos Dumont. Sem que a polícia notasse, dois furtos consecutivos deformaram o monumento em homenagem ao aviador brasileiro e à sua criação mais conhecida, o 14 Bis, na praça Campo de Bagatelle, Santana (zona norte de SP). Resta, no local, só uma massa de metal disforme, lembrança vaga da obra do artista Luiz Morrone (1906-1998), inaugurada em 1974.
Neste ano, o vôo histórico do brasileiro, considerado pai da aviação, completa cem anos.
"Na sexta passei de carro e estavam sobre o avião arrancando as asas. De ontem para hoje [anteontem para ontem], removeram a escultura em bronze", diz Rafaela Bernardes, chefe do laboratório de restauro do DPH (Departamento de Patrimônio Histórico).
Segundo a arquiteta, as asas eram conectadas por travas. "Eles retiraram todo o travamento das asas. Ficaram só as pontas." Já a imagem de Santos Dumont foi arrancada à força.
Após o furto de sexta, a Secretaria Municipal da Cultura, à qual está subordinado o DPH, avisou à Guarda Civil Metropolitana. Pediu que as rondas fossem intensificadas. Não adiantou -novo ataque aconteceu.
Embora lamente, a arquiteta imagina o provável destino do monumento: derreter o latão e o bronze e/ou vendê-los para ferros-velhos. Ela não calcula o prejuízo e não descarta que o vandalismo seja resultado indireto da recente onda de violência. "Acho que [os autores do furto] se aproveitaram."
Agora, o DPH deve retirar da praça o que restou da escultura. Não há previsão para retorno, justamente porque não se sabe, ainda, qual fim terá a obra. Uma opção é recompor a escultura do avião e do seu criador, mas não há plantas do projeto original -fotos serviriam de base. Tampouco há a possibilidade de ajuda por parte do autor, que morreu em 1998. Para ela, é possível fazer um concurso para receber propostas de nova homenagem. "Resta saber se outra réplica será feita ou um novo monumento." A primeira discussão será nesta semana.
Não foi a primeira vez que a escultura foi destruída. Em 1982, uma tempestade arrancou o 14 Bis do pedestal. A solução foi introduzir mais três pedestais menores para que ajudassem a fixar a escultura.


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