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Ladrões destroem escultura do 14 Bis e de Santos Dumont
Em ataque que ocorre pelo menos desde sexta, grupo retira o bronze e o latão que formam a peça, localizada em Santana
Estrutura, que homenageia o centenário do vôo feito em Paris, ocorrido há cem anos, poderá ser recuperada ou substituída via concurso
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Na última sexta foram as
asas. Ontem foi a vez de Santos
Dumont. Sem que a polícia notasse, dois furtos consecutivos
deformaram o monumento em
homenagem ao aviador brasileiro e à sua criação mais conhecida, o 14 Bis, na praça
Campo de Bagatelle, Santana
(zona norte de SP). Resta, no local, só uma massa de metal disforme, lembrança vaga da obra
do artista Luiz Morrone (1906-1998), inaugurada em 1974.
Neste ano, o vôo histórico do
brasileiro, considerado pai da
aviação, completa cem anos.
"Na sexta passei de carro e
estavam sobre o avião arrancando as asas. De ontem para
hoje [anteontem para ontem],
removeram a escultura em
bronze", diz Rafaela Bernardes,
chefe do laboratório de restauro do DPH (Departamento de
Patrimônio Histórico).
Segundo a arquiteta, as asas
eram conectadas por travas.
"Eles retiraram todo o travamento das asas. Ficaram só as
pontas." Já a imagem de Santos
Dumont foi arrancada à força.
Após o furto de sexta, a Secretaria Municipal da Cultura,
à qual está subordinado o DPH,
avisou à Guarda Civil Metropolitana. Pediu que as rondas fossem intensificadas. Não adiantou -novo ataque aconteceu.
Embora lamente, a arquiteta
imagina o provável destino do
monumento: derreter o latão e
o bronze e/ou vendê-los para
ferros-velhos. Ela não calcula o
prejuízo e não descarta que o
vandalismo seja resultado indireto da recente onda de violência. "Acho que [os autores do
furto] se aproveitaram."
Agora, o DPH deve retirar da
praça o que restou da escultura.
Não há previsão para retorno,
justamente porque não se sabe,
ainda, qual fim terá a obra. Uma
opção é recompor a escultura
do avião e do seu criador, mas
não há plantas do projeto original -fotos serviriam de base.
Tampouco há a possibilidade
de ajuda por parte do autor, que
morreu em 1998. Para ela, é
possível fazer um concurso para receber propostas de nova
homenagem. "Resta saber se
outra réplica será feita ou um
novo monumento." A primeira
discussão será nesta semana.
Não foi a primeira vez que a
escultura foi destruída. Em
1982, uma tempestade arrancou o 14 Bis do pedestal. A solução foi introduzir mais três pedestais menores para que ajudassem a fixar a escultura.
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