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Mulher diz que pegou contramão para evitar pedágio
Professora aposentada de 58 anos disse à polícia que decidiu voltar pela Imigrantes ao perceber que não tinha dinheiro
Segundo a polícia, a mulher aparentava embriaguez e foi levada ao hospital; amiga da família diz que professora já foi internada
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma professora aposentada
de 58 anos dirigiu por cerca de
oito quilômetros na contramão
na rodovia dos Imigrantes na
noite de anteontem, em pleno
horário de pico da descida para
o litoral durante o feriado.
Com o seu Fiat Uno 2007, ela
obrigou cerca de 350 carros a
desviarem do seu veículo, furou
um bloqueio policial e só parou
ao chegar perto de um posto da
Polícia Rodoviária Estadual. À
polícia, ela alegou que decidiu
voltar pela contramão após
perceber que não teria dinheiro
para pagar o pedágio.
Segundo a concessionária
Ecovias, responsável pela administração da rodovia, funcionários do pedágio do km 32 da
Imigrantes viram, por volta das
22h10 de anteontem, o Uno da
professora Lídia Vitielo parar a
cerca de 300 metros da praça
de cobrança. Ela manobrou,
entrou na contramão pela pista
da esquerda e acelerou em direção a São Paulo.
Durante o trajeto pela contramão, ela foi acompanhada
por um carro da Polícia Rodoviária Estadual, que a seguiu
pelo acostamento.
Funcionários da Ecovias e da
polícia tentaram diminuir o
fluxo de veículos que iam em
direção à aposentada montando um "falso comboio" -veículos da concessionária foram para a pista para forçar os demais
motoristas a reduzir a velocidade- na altura do km 24 da rodovia, segundo Eduardo Gregório, gerente de operações da
concessionária.
Simultaneamente, policiais
rodoviários montaram um bloqueio parcial da pista na altura
do km 25. A aposentada, porém, desviou o carro do bloqueio e não parou.
Depois de guiar por um período de sete minutos, a aposentada decidiu parar. O espelho retrovisor e o vidro da lateral traseira do veículo estavam
danificados. A polícia não soube dizer o que causou os danos.
Exames
A professora foi detida e levada para o pronto-socorro municipal de São Bernardo do
Campo, no ABC. Isso porque,
segundo a polícia, ela aparentava estar embriagada e não tinha
condições de ser interrogada.
Ela concordou em fazer um
exame de sangue que revelará
se consumiu álcool. Após passar a noite em observação, foi
liberada na manhã de ontem.
O resultado do exame determinará se ela será indiciada por
dirigir embriagada. Caso o exame dê negativo, ela responderá
apenas por direção perigosa.
No carro da aposentada, foram
encontradas três latas de cerveja fechadas.
Uma amiga da filha adotiva
de Lídia disse que a aposentada
é alcoólatra e sofre de problemas psicológicos. Ela, ainda segundo essa amiga, foi internada
por cerca de dois meses em um
hospital psiquiátrico.
A filha dela, Roseli Frederico,
40, disse que a professora havia
saído de casa, em São Roque (a
59 km de SP), na terça-feira dizendo que iria a um médico.
"Ela já tinha dito que queria me
matar", disse.
Dinheiro
Em depoimento à polícia, a
professora alegou que não tinha dinheiro para pagar o pedágio, no valor de R$ 15,40.
A Ecovias dá duas opções a
motoristas nessa situação. A
primeira é levar um boleto bancário para pagar a dívida em
cinco dias e seguir viagem. A segunda opção é ser escoltado pela polícia até o próximo retorno
e voltar ao ponto de partida.
Segundo a polícia, não é a primeira vez neste ano que um
motorista é flagrado dirigindo
na contramão da rodovia dos
Imigrantes. No dia 5 de abril,
um engenheiro de 29 anos foi
detido às 3h por policiais rodoviários no km 20.
O motorista, segundo a polícia, também aparentava estar
embriagado e se recusou a fazer
o teste de dosagem alcoólica.
Segundo a polícia, ele dirigiu
por aproximadamente cinco
quilômetros e não bateu em
ninguém. Disse ao ser detido
que havia se enganado de pista.
Colaborou DIEGO BRAGA NORTE
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