São Paulo, domingo, 23 de maio de 2010

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Concorrência faz noite paulistana popularizar VIPs

Para garantir a pista cheia em uma São Paulo com cada vez mais opções, casas noturnas liberam entradas

Ser amigo do promoter hoje é mais importante do que ser famoso ou influente; excesso de convites cria "fila VIP"


LETICIA DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Munidos do cupom com a inscrição "VIP", brinde de uma revista, os amigos Bruna Suzuki, 25, e Kadu Batanero, 27, brincam enquanto aguardam na fila da casa noturna: "Isso aqui é tudo menos VIP. É a fila da pobreza."
A espera para entrar de graça dura 40 minutos no sábado, na The Week, na Lapa (zona oeste de São Paulo).
Enquanto isso, nos Jardins, as modelos Jéssica Broniki, 18, e Bruna Lago, 19, degustam uma caipirinha do lado de fora da Mokai (R$ 90, mulher; R$ 300, homem).
Elas também são convidadas VIP. Mas não pegaram fila nem vão pagar pelos drinks (R$ 45). Para dar o ar da graça na Mokai, o promoter vai buscá-las em casa e as acomoda no camarote.
As turmas de Jéssica e de Bruna são dois extremos de um fenômeno que cresce na noite paulistana, que tem cada vez mais casas noturnas: para garantir a pista cheia, elas liberam entradas VIP.
Hoje, para ser VIP não é preciso ser famoso nem influente. Basta ser amigo do amigo do promoter e estar disposto a desfilar, de preferência animado e bem vestido, pela pista de dança.
"A concorrência é grande. É preciso dar incentivos para que a pessoa escolha a sua casa e não a do vizinho", diz Beto Pacheco, da Mokai.

FILAS
Entrar "na faixa", ainda que isso implique certo desconforto, é um incentivo, independente da classe social.
Filha do dono de uma construtora, a economista Fernanda Barbosa, 23, esperou uma hora e encarou três filas diferentes, na quinta passada, para ser VIP na Kiss and Fly, na Villa Daslu.
Se quisesse, ela poderia pagar os R$ 90 de entrada, mas diz que nunca vai a lugares em que não possa entrar de graça. "Hoje em dia, só paga quem não tem contatos."
Na Kiss and Fly, ter o nome na lista de convidados é privilégio da "mulherada bonita", diz o sócio Gutti Camargo. Com esse chamariz, ele atrai clientes dispostos a pagar R$ 2.500 por uma mesa.
São os únicos poupados da espera. Entram por uma lateral, enquanto os outros VIPs se acotovelam na fila.
As estudantes Isabella Lopes, 18, e Amanda Moro, 19, são algumas das beneficiadas. Não são modelos nem famosas. Seus pais não são ricos nem influentes.
Mas gostam de sair à noite e de frequentar casas badaladas. "Sempre de graça", diz Isabella. Para isso, liga para os amigos dos amigos, que ligam para algum promoter pedindo que seus nomes sejam incluídos na lista.


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