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Concorrência faz noite paulistana popularizar VIPs
Para garantir a pista cheia em uma São Paulo com cada vez mais opções, casas noturnas liberam entradas
Ser amigo do promoter hoje é mais importante do que ser famoso ou influente; excesso de convites cria "fila VIP"
LETICIA DE CASTRO
DE SÃO PAULO
Munidos do cupom com a
inscrição "VIP", brinde de
uma revista, os amigos Bruna Suzuki, 25, e Kadu Batanero, 27, brincam enquanto
aguardam na fila da casa noturna: "Isso aqui é tudo menos VIP. É a fila da pobreza."
A espera para entrar de
graça dura 40 minutos no sábado, na The Week, na Lapa
(zona oeste de São Paulo).
Enquanto isso, nos Jardins, as modelos Jéssica Broniki, 18, e Bruna Lago, 19, degustam uma caipirinha do lado de fora da Mokai (R$ 90,
mulher; R$ 300, homem).
Elas também são convidadas VIP. Mas não pegaram fila nem vão pagar pelos
drinks (R$ 45). Para dar o ar
da graça na Mokai, o promoter vai buscá-las em casa e as
acomoda no camarote.
As turmas de Jéssica e de
Bruna são dois extremos de
um fenômeno que cresce na
noite paulistana, que tem cada vez mais casas noturnas:
para garantir a pista cheia,
elas liberam entradas VIP.
Hoje, para ser VIP não é
preciso ser famoso nem influente. Basta ser amigo do
amigo do promoter e estar
disposto a desfilar, de preferência animado e bem vestido, pela pista de dança.
"A concorrência é grande.
É preciso dar incentivos para
que a pessoa escolha a sua
casa e não a do vizinho", diz
Beto Pacheco, da Mokai.
FILAS
Entrar "na faixa", ainda
que isso implique certo desconforto, é um incentivo, independente da classe social.
Filha do dono de uma
construtora, a economista
Fernanda Barbosa, 23, esperou uma hora e encarou três
filas diferentes, na quinta
passada, para ser VIP na Kiss
and Fly, na Villa Daslu.
Se quisesse, ela poderia
pagar os R$ 90 de entrada,
mas diz que nunca vai a lugares em que não possa entrar
de graça. "Hoje em dia, só paga quem não tem contatos."
Na Kiss and Fly, ter o nome
na lista de convidados é privilégio da "mulherada bonita", diz o sócio Gutti Camargo. Com esse chamariz, ele
atrai clientes dispostos a pagar R$ 2.500 por uma mesa.
São os únicos poupados
da espera. Entram por uma
lateral, enquanto os outros
VIPs se acotovelam na fila.
As estudantes Isabella Lopes, 18, e Amanda Moro, 19,
são algumas das beneficiadas. Não são modelos nem
famosas. Seus pais não são
ricos nem influentes.
Mas gostam de sair à noite
e de frequentar casas badaladas. "Sempre de graça", diz
Isabella. Para isso, liga para
os amigos dos amigos, que ligam para algum promoter
pedindo que seus nomes sejam incluídos na lista.
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