São Paulo, sábado, 23 de maio de 1998

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SAÚDE
Ministro também afastou coordenador dos hospitais federais no Estado; sindicato defende os médicos afastados
Serra afasta chefe do ministério no Rio

GABRIELA MICHELOTTI
enviada especial ao Rio

RONI LIMA
da Sucursal do Rio

O ministro da Saúde, José Serra, afastou ontem o chefe do ministério no Rio de Janeiro, Mauro dos Santos Modesto de Britto, e o coordenador dos hospitais federais no Estado, Ricardo Peret.
Para seus lugares, Serra nomeou Ana Tereza Pereira da Silva, que vai acumular as duas funções. A medida foi anunciada ontem de manhã, durante vistoria no Hospital Geral de Bonsucesso.
"Os afastamentos não foram decididos para perseguir esta ou aquela pessoa, mas no Rio de Janeiro precisamos fazer uma reorganização ampla do trabalho. Nomeei Ana Tereza porque é preciso ter uma integração eficiente entre o ministério e a coordenação dos hospitais", afirmou Serra.
O ministro disse que apóia a auditoria no Instituto Philippe Pinel, em Botafogo, que apurou supostas irregularidades da atual diretoria e no período em que Peret foi diretor da unidade. Serra afirmou que pediu ao Ministério Público Federal que investigue o caso.
O SinMed (Sindicato dos Médicos do Rio) saiu em defesa de Peret, afirmando que ele foi vítima do loteamento político da saúde no Rio supostamente promovido por deputados federais da base de sustentação do governo FHC.
O presidente do sindicato, Luiz Tenório, disse que Modesto foi indicado para o cargo pelo PFL. "Peret é um cara íntegro, que, dentro de suas limitações no cargo, estava servindo de barreira ao fisiologismo", afirmou Tenório.
O grupo ligado a Modesto estaria por trás da auditoria e do vazamento de seu resultado para a imprensa, segundo Tenório.
Modesto não quis dar declarações. Sua secretária afirmou que ele não falaria sobre o caso.
Peret, que é filiado ao PT, afirmou que o relatório sobre o Pinel "é um misto de primarismo com uma grande má-fé, que produziu não uma auditoria, mas uma farsa". Ele disse que solicitou à Delegacia Federal de Controle do Ministério da Fazenda um auditoria sobre o seu trabalho no Pinel.
Peret contestou os itens do relatório, como o que apontou a média de um psiquiatra para cada dois pacientes, o que caracterizaria "desperdício de recursos humanos de precioso valor".
Segundo ele, os auditores não levaram em conta que o Pinel funciona como uma instituição de atendimento psiquiátrico moderna, que prioriza não a internação, mas o atendimento diário de pacientes que não ficam no hospital.
"Eles levaram em conta só os leitos de internação. Mas é preciso uma equipe adequada para atender os 80 leitos do hospital-dia, a emergência e as mais de 2.500 consultas ambulatoriais por mês."



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