São Paulo, sexta-feira, 23 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo inaugura hoje sua superprisão

Com o regime de segurança mais rígido do país, presos tomarão banho de sol na própria cela, sem sair para o pátio

Presídio de Catanduvas, no interior do Paraná, é o primeiro de uma série de cinco penitenciárias federais de segurança máxima


Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Ao fundo, o presídio federal de Catanduvas, no Paraná, que será inaugurado hoje e terá o regime de segurança mais rígido do país


JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CATANDUVAS

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, inaugura hoje, em Catanduvas (438 km a oeste de Curitiba), a primeira penitenciária federal do país. A principal característica é que o regime de segurança será o mais rígido do Brasil, superando o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) adotado em três prisões do Estado de São Paulo -até agora o mais rigoroso.
No RDD federal, os presos terão banho de sol dentro da própria cela, em um compartimento que será aberto em horário determinado pela direção, e o banho será de três minutos e em horário também determinado pela direção -a água sairá de um buraco no teto.
Outra novidade é que os funcionários deverão usar microfone de lapela, e as conversas entre eles e os presos serão controladas pelo sistema de monitoramento interno.
No RDD paulista, implantado em Avaré, Taubaté e Presidente Bernardes, os presos são levados, em grupos de cinco, para um pátio para duas horas de banho de sol diário. A água para o banho também sai de um buraco na parede, mas não há controle de duração ou horário.
Outras medidas de segurança são semelhantes nos dois sistemas: monitoramento por câmeras 24 horas por dia, celas individuais com camas de concreto e contato limitado com os advogados e a família -é feito por meio de uma barreira de vidro e a conversa ocorre por um telefone interno.
O RDD costuma ser aplicado a presos que cometeram uma falta grave dentro do sistema prisional e que colocam em risco a segurança dos presídios.
Maurício Kuehne, diretor do Departamento Penitenciário Nacional, órgão do Ministério da Justiça, admite que as penitenciárias federais não irão resolver a grave situação carcerária brasileira, mas ressalta que elas terão uma função importante. "Elas serão fundamentais para ajudarmos os Estados na desarticulação do crime organizado dentro do sistema penitenciário. O critério básico é periculosidade e o isolamento das lideranças negativas."

Outras prisões federais
A penitenciária de Catanduvas faz parte de uma série de cinco prisões de segurança máxima que o governo federal anunciou em fevereiro de 2003 para serem entregues naquele ano. Em outubro de 2003, o ministro informou que seriam entregues somente neste ano, último de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os presídios de Campo Grande (MS) e Mossoró (RN) devem ser enrtegues apenas no próximo semestre.
Mesmo sendo inaugurado hoje, o presídio de Catanduvas só irá receber os primeiros presos dentro de um mês e meio.


Texto Anterior: Sob suspeita: Arma é achada em casa de PM investigado
Próximo Texto: Morador espera emprego e vê falta de casas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.