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São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2003

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SAÚDE

IML de Goiânia constatou a existência de altas quantidades de bário em pacientes que ingeriram o medicamento

Perícia comprova mortes por Celobar

DA AGÊNCIA FOLHA

O IML (Instituto Médico Legal) de Goiânia comprovou a existência de altas quantidades de bário em nove corpos de pessoas que ingeriram o medicamento Celobar, utilizado como contraste em exames de raio-X. Investigações realizadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pela vigilância do Rio apontaram que houve adulteração do produto durante a fabricação.
O IML analisou corpos de 11 pessoas que morreram com sintomas semelhantes, em maio. Nove delas tomaram Celobar.
Outra é uma possível vítima do medicamento, apesar de a clínica que a atendeu ter informado que ela ingeriu outro produto. A Anvisa descarta a possibilidade de esse segundo produto ter causado a morte da paciente.
O 11º caso -sem resíduos de bário- foi analisado por ter tido os mesmos sintomas dos demais casos, apesar de não haver evidência de que ingeriu Celobar ou o outro medicamento.
A presença do bário nos corpos comprova que as vítimas morreram por intoxicação. O Celobar era produzido com sulfato de bário, substância inócua que não é absorvida pelo organismo.
Os problemas ocorreram porque parte da produção foi contaminada por carbonato de bário, substância venenosa usada em veneno de ratos.
O laboratório responsável, Enila, afirmou ter feito uma experiência para tentar transformar carbonato de bário em sulfato de bário, a fim de reduzir custos. O Enila alega, porém, ter descartado o resultado do teste.
O IML goiano demorou aproximadamente um mês para analisar e comparar as vísceras das vítimas para chegar ao resultado final.
Nos 11 casos selecionados, as vítimas apresentaram sintomas como náuseas, vômitos, rigidez muscular facial, dor abdominal e tremor muscular.
O superintendente da polícia técnico-científica do IML, Décio Marinho, disse que a quantidade de bário suportável no corpo humano é de 2 a 3 miligramas por quilo de tecido. Nos corpos foram encontrados de 140 a 200 miligramas por quilo de tecido.
O delegado Carlos Fernandes de Araújo, encarregado do caso em Goiás, receberá o laudo apenas na sexta-feira, quando poderá intimar os farmacêuticos responsáveis pelo Celobar. "Agora vamos concluir os inquéritos um a um."
"A partir desse laudo [do IML], vamos buscar a indenização", disse o advogado Gersino Gonçalves Belchior. Ele é sobrinho de Nivaldo Francisco Belchior, que morreu após tomar Celobar para fazer um raio-X do estômago.


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