São Paulo, quinta-feira, 23 de julho de 2009

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Leilão da merenda mantém empresas que estão sob suspeita

Quatro empresas investigadas sob acusação de má qualidade fizeram melhor proposta em 8 dos 14 lotes da rede municipal

Valores apresentados devem representar redução de pelo menos 10% nos preços; contratos serão para os próximos dois anos

ALENCAR IZIDORO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro das seis empresas investigadas pela Promotoria sob suspeita de má qualidade dos serviços, superfaturamento e cartel deverão continuar a fornecer a alimentação dos alunos da rede municipal de São Paulo pelos próximos dois anos.
No pregão realizado pela gestão Gilberto Kassab (DEM) para firmar novos contratos da merenda escolar terceirizada, elas predominaram: ofereceram os menores preços em 8 dos 14 lotes em disputa e deverão abocanhar 63% do montante mensal de R$ 36 milhões que a prefeitura planeja gastar.
Para serem declaradas vencedoras, só dependem da análise dos documentos. A tendência é não haver mudanças.
"Infelizmente não tivemos como evitar. Elas não estão condenadas pela Justiça, não poderiam ser inabilitadas", declarou Alexandre Schneider, secretário da Educação.
O promotor Sílvio Marques afirmou que vai entrar com ação na Justiça para tentar evitar que as mesmas empresas sigam fornecendo a merenda.
"Causa estranheza a posição da prefeitura. Ela tem informações e documentos suficientes sobre as irregularidades", afirma. Schneider alega que a declaração de inidoneidade para barrar empresas teria que ser feita pela própria Promotoria.
O secretário diz que os valores apresentados ontem representam uma redução de "no mínimo 10%" nos preços pagos atualmente pelo poder público.
As empresas que são alvo de investigação do Ministério Público e que devem continuar a fornecer a merenda na capital são: SP Alimentação, Convida, Geraldo J Coan e Terra Azul. Todas negam as acusações.
Duas das atuais fornecedoras devem sair: Sistal, que não disputou, e Nutriplus, que não ofertou os menores preços.
Quatro novas estão entre as prováveis vencedoras: Serra Leste, Refeições Puras, Comissaria Rio de Janeiro e Masan.
A prefeitura podia prorrogar até 2012 os contratos firmados em 2007 com as atuais prestadoras do serviço. Kassab disse que optou por fazer um novo pregão porque "essas empresas estão sob forte suspeição".
Uma delas, a Convida, foi a que venceu mais lotes (3, todos na zona leste) na disputa de ontem, que durou mais de dez horas e que teve 22 interessados.
Nos últimos meses, blitze do órgão que fiscaliza a merenda identificaram problemas nas escolas atendidas pela Convida. Numa, funcionários misturavam água no suco de laranja. Em outra, a marmita plástica da merendeira era aquecida em cima do arroz dos alunos. A empresa diz desconhecer os casos.


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