São Paulo, quinta-feira, 23 de julho de 2009

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"Sou nóia mesmo, e daí?", grita mulher ao deixar pensão

DA REPORTAGEM LOCAL

A operação de ontem na cracolândia não inibiu o consumo de drogas na região. Ao lado dos postos usados por policiais e agentes de saúde, viciados acendiam seus cachimbos.
No final da manhã, um grupo de policiais militares abriu a pequena porta no número 125 da rua Helvétia e entrou no imóvel. Não demorou e um deles voltou, com a arma na mão, para pedir reforço. "Tá todo mundo usando droga aqui!"
As pessoas foram sendo retiradas. Entre elas, duas mulheres. Uma gritava que aquela ação era absurda. Outra, mais alterada, não escondia: "Sou nóia mesmo, e daí?".
Elas seguiram rumos diferentes. Horas depois, a primeira mulher estava na praça Princesa Isabel, ali perto, com uma mala na mão. Dizia não ter para onde ir. Foi abordada por agentes de saúde. Dispôs-se a ir até um posto de saúde a fim de tratar da ferida na mão esquerda. Tentaria ainda uma vaga no albergue. Com menos de 30 anos, ela disse que usa crack, sim, "mas não toda hora".
A outra mulher, que na abordagem policial já não escondia sua condição de viciada, preferiu não dar bola para a operação. Na rua de trás da pensão onde estava, horas depois, ela já acendia o cachimbo com uma nova pedra de crack. Não aparentava ter mais de 30 anos.
A ação da polícia nem sempre agrada aos agentes, que têm de convencer os moradores de rua e viciados a se tratar.
Agentes ouvidos pela Folha disseram que fica mais difícil trabalhar em dia de operação.
Ontem, houve até desentendimento. O delegado Aldo Galeano, que comanda a Polícia Civil no centro, chegou a falar em "internação compulsória" de viciados. O secretário da Saúde, Januário Montone, se irritou: "Delegado não tem que falar de internação".


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