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Clube de tiro vai fechar; área passará para Horto
Após disputa de 15 anos, agremiação terá que deixar terreno na Cantareira
Estado pagou R$ 2,8 mi de indenização pelas benfeitorias feitas pelo clube, que vai buscar outro local fora de SP
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO
O tradicional Clube Paulistano de Tiro vai acabar. Após
uma disputa de 15 anos na
Justiça, a agremiação terá de
deixar o terreno que ocupa
desde 1939 na serra da Cantareira (zona norte de SP), de
propriedade do Estado.
A área será incorporada ao
Horto Florestal, parque estadual vizinho. Com 350 mil
metros quadrados abertos ao
público-de um total de 1,87
milhão de metros quadrados-o horto recebe apenas
cerca de 15 mil visitantes por
final de semana.
Agora, o parque terá sua
área aumentada em 178 mil
metros quadrados (11% do
parque Ibirapuera).
A decisão de reintegração
de posse saiu neste mês e determina a devolução "imediata" para o Estado. Mas, na
prática, o clube precisará de
dois ou três meses para sair,
avalia Igor Denyszczuk,
atual presidente da entidade.
O que motivou a sentença
judicial foi o depósito feito
em juízo, pelo Estado, de R$
2,8 milhões, indenização por
melhorias feitas pelo clube
-construção do edifício-sede, barracões e outras casas.
Foi o fim de uma briga que
se arrastava na Justiça desde
1995, quando o governo Mário Covas (PSDB) suspendeu
a concessão da área ao clube.
"Sabíamos que teríamos
de deixar a área um dia. O Estado nunca quis pagar indenização. Agora, pela primeira vez, eles fizeram isso. Mas
depositaram o valor em juízo", afirma Denyszczuk.
IMBRÓGLIO
Receber o dinheiro não será simples. A Cetesb (agência
ambiental paulista) aplicou
ao clube multa de R$ 5,1 milhões por degradação ao ambiente, valor maior do que o
clube tem a receber pelas
benfeitorias no terreno.
O Estado quer condicionar
o pagamento da indenização
ao da multa. Assim, o clube
não receberia nada e ficaria
devendo R$ 2,1 milhões.
A multa ocorreu porque o
terreno está contaminado
por chumbo, resultado de tiros de arma de fogo feitos ao
longo de décadas, diz Rodrigo Victor, diretor do Instituto
Florestal, órgão responsável
pelo Horto. A área será descontaminada, mas talvez
uma parte dela não possa ser
agregada ao parque.
O presidente do clube de
tiro não nega haver chumbo
no terreno. "Mas é um material totalmente inerte, que,
certamente, não faz mal nenhum à saúde", afirma. Ele
estima que a recuperação da
área em R$ 1 milhão, cerca de
um quinto do que a Cetesb
lhe cobra.
"Nossa área também era
usada pelo Estado. Cedemos
nossas instalações para a polícia e o Exército treinarem",
afirma Denyszczuk.
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