São Paulo, sábado, 23 de julho de 2011

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Empresa de megaterreno "funciona" em sede fantasma

Prefeitura iria comprar área por R$ 62 milhões

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

A Mon Fort Administração de Bens Próprios Ltda., empresa que arrematou num leilão público por R$ 15,4 milhões um terreno na zona leste pelo qual a prefeitura pretendia pagar R$ 62,1 milhões na desapropriação, está registrada numa sede fantasma.
No lugar onde a Mon Fort está registrada funciona um estacionamento clandestino, conforme constatou a Folha. Ele fica no Jardim América, área nobre de São Paulo.
No nº 88 da rua Antilhas, ninguém nunca ouviu falar da Mon Fort ou de qualquer um de seus responsáveis.
Anteontem, depois de ser questionada pelo Ministério Público Estadual, a Prefeitura de São Paulo interrompeu o processo de desapropriação do terreno de 175 mil m2 comprado pela Mon Fort.
O prefeito Gilberto Kassab queria comprá-lo e depois cedê-lo à Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
O terreno fica na avenida Jacu-Pêssego, em Itaquera, e já foi sede da falida Gazarra S.A. Indústrias Metalúrgicas.
Em julho de 2010, Kassab declarou que o imóvel era de utilidade pública. Em maio deste ano, a Mon Fort comprou a área num leilão. Iria lucrar R$ 46,7 milhões com a desapropriação municipal.
Ao arrematar o terreno, a empresa pagou apenas 30% dos R$ 15,4 milhões e o restante foi dividido em várias parcelas, o que possibilitaria que a dívida fosse paga com a verba recebida da prefeitura.

OUTRO LADO
Os responsáveis pela Mon Fort dizem que vão construir sua futura sede no local onde funciona hoje o estacionamento -a empresa existe oficialmente desde 2003.
Segundo o advogado da companhia, Roberto Leonessa, "pessoas que tomam conta do terreno deixam carros parar no local sem autorização dos donos da Mon Fort e todos serão demitidos".
Ainda segundo Leonessa, a empresa não tem interesse em se desfazer do terreno da zona leste. Diz que irá travar uma batalha judicial para evitar a desapropriação. "Vamos usar a área", afirma.
Procurado desde quinta-feira por meio de sua assessoria de imprensa, Kassab não se manifestou sobre os motivos que o levaram a suspender a desapropriação.
Assim como fez anteontem, a assessoria de Kassab informou, via nota, que "a decisão foi tomada depois de o Ministério Público Estadual enviar ofício para a prefeitura questionando o processo de avaliação da área".


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