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BARBARA GANCIA
Chato vestido de inglês é um clássico da Redação
Só se fala nisso. Até a empregada do vizinho veio me
perguntar se conheço o "jornalista assassino", como está sendo
chamado Pimenta Neves, o diretor de "O Estado de S. Paulo",
acusado de matar a tiros a ex-namorada e subordinada.
Pois eu o conheço. De cor e salteado, para ser mais específica,
mesmo que o tenha visto, no máximo, três vezes na vida.
Eis a razão de tanta intimidade:
nos dez minutos iniciais de nosso
primeiro encontro, em um jantar
na casa de amigos em comum,
pude perceber que Pimenta Neves
é o típico chato de Redação.
Esse clássico do jornalismo brasileiro, com quem eu já tive de
conviver em várias Redações
(abençoada seja a Internet!), só
muda de endereço.
É uma raça que parece não dar
muita importância para a forma
física, mas faz questão de andar
fantasiada de inglês com direito a
cachecóis e chapéus.
Eles não são lá muito afeitos ao
convívio social. Preferem passar o
tempo na companhia de livros e,
quando estão com outras pessoas,
costumam ser rígidos e econômicos com as palavras que não desperdiçam com gente cuja educação consideram inferior à sua
própria.
Entre os colegas, o chato de Redação adora esbanjar o seu conhecimento e testar a cultura
alheia. Geralmente ele só divide o
seu olimpo com um ou dois outros
mortais, com quem sente que pode conversar de igual para igual.
Os eleitos costumam ser pessoas
da sua idade, com trajetórias parecidas.
Mas, veja que interessante: de
vez em quando, ele se encanta
com algum pé-de-chinelo da Redação. Em muitos casos, não é
nem atração física.
Vai ver que é a idade do chato,
sabe lá, mas, quando ele elege algum jovem como pupilo, é capaz
de se virar do avesso para ajudar
o dublê de Tazio, o belo menino
de "Morte em Veneza".
Quando o chato de Redação
tem cargo de chefia, então, sai de
baixo. Já vi gente mortificada ao
receber uma promoção que sabia
não merecer.
Digamos que o caro leitor tivesse me perguntado há dez dias se
eu achava que o Pimenta seria
capaz de cometer um crime passional. Eu teria dito absolutamente que não.
Mas, pensando melhor, como
todo chato muito culto, Pimenta é
pomposo. E é só pegar um sujeito
metido, adicionar uma paixão
doentia e um revólver e ver a encrenca que dá. Só falta entender
por que o psiquiatra do jornalista
não conseguiu convencer a vítima do perigo que ela corria.
QUALQUER NOTA
Acabou por aí?
Alô, ministro Gregori! Alô,
promotores! Nem vamos levar em conta mais essa blitz,
que flagrou o cantor Rafael
Ilha de novo com drogas. O
que eu quero saber é se vai ficar por isso mesmo ou se o
Sérgio Mallandro irá sofrer
algum tipo de sanção pelas
brincadeirinhas medonhas
que coloca no ar?
Dias melhores virão
Continua a contagem regressiva: faltam 131 longos dias
para o Pitta deixar a prefeitura.
Quebra de rotina
Conseguiremos terminar a
semana sem um novo desastre ecológico causado pela
Petrobras?
E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/
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