São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 2000


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BARBARA GANCIA

Chato vestido de inglês é um clássico da Redação

Só se fala nisso. Até a empregada do vizinho veio me perguntar se conheço o "jornalista assassino", como está sendo chamado Pimenta Neves, o diretor de "O Estado de S. Paulo", acusado de matar a tiros a ex-namorada e subordinada.
Pois eu o conheço. De cor e salteado, para ser mais específica, mesmo que o tenha visto, no máximo, três vezes na vida.
Eis a razão de tanta intimidade: nos dez minutos iniciais de nosso primeiro encontro, em um jantar na casa de amigos em comum, pude perceber que Pimenta Neves é o típico chato de Redação.
Esse clássico do jornalismo brasileiro, com quem eu já tive de conviver em várias Redações (abençoada seja a Internet!), só muda de endereço.
É uma raça que parece não dar muita importância para a forma física, mas faz questão de andar fantasiada de inglês com direito a cachecóis e chapéus.
Eles não são lá muito afeitos ao convívio social. Preferem passar o tempo na companhia de livros e, quando estão com outras pessoas, costumam ser rígidos e econômicos com as palavras que não desperdiçam com gente cuja educação consideram inferior à sua própria.
Entre os colegas, o chato de Redação adora esbanjar o seu conhecimento e testar a cultura alheia. Geralmente ele só divide o seu olimpo com um ou dois outros mortais, com quem sente que pode conversar de igual para igual. Os eleitos costumam ser pessoas da sua idade, com trajetórias parecidas.
Mas, veja que interessante: de vez em quando, ele se encanta com algum pé-de-chinelo da Redação. Em muitos casos, não é nem atração física.
Vai ver que é a idade do chato, sabe lá, mas, quando ele elege algum jovem como pupilo, é capaz de se virar do avesso para ajudar o dublê de Tazio, o belo menino de "Morte em Veneza".
Quando o chato de Redação tem cargo de chefia, então, sai de baixo. Já vi gente mortificada ao receber uma promoção que sabia não merecer.
Digamos que o caro leitor tivesse me perguntado há dez dias se eu achava que o Pimenta seria capaz de cometer um crime passional. Eu teria dito absolutamente que não.
Mas, pensando melhor, como todo chato muito culto, Pimenta é pomposo. E é só pegar um sujeito metido, adicionar uma paixão doentia e um revólver e ver a encrenca que dá. Só falta entender por que o psiquiatra do jornalista não conseguiu convencer a vítima do perigo que ela corria.

QUALQUER NOTA

Acabou por aí?
Alô, ministro Gregori! Alô, promotores! Nem vamos levar em conta mais essa blitz, que flagrou o cantor Rafael Ilha de novo com drogas. O que eu quero saber é se vai ficar por isso mesmo ou se o Sérgio Mallandro irá sofrer algum tipo de sanção pelas brincadeirinhas medonhas que coloca no ar?

Dias melhores virão
Continua a contagem regressiva: faltam 131 longos dias para o Pitta deixar a prefeitura.
Quebra de rotina Conseguiremos terminar a semana sem um novo desastre ecológico causado pela Petrobras?



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