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Petrobras terá de remover famílias de "lixão"
Ao menos 84 famílias construíram casas sobre área onde estatal depositava derivados de petróleo em São Sebastião, no litoral norte
Cetesb calcula que será preciso retirar 6.470 toneladas de resíduos e solo contaminados; poluentes atingiram lençol freático
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Petrobras terá que remover pelo menos 84 famílias que
construíram suas casas sobre
um lixão químico formado por
derivados de petróleo depositados pela estatal há mais de 20
anos em uma área do bairro
Itatinga, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo.
Além de tornar obrigatória a
retirada dos moradores, os poluentes atingiram o lençol freático, e o uso de água de poços
está proibido na região do Itatinga, um bairro popular a menos de 1 km dos tanques de armazenamento da Petrobras.
Pelas análises, os poluentes
atingiram o polígono compreendido pelas ruas Tancredo
Neves, Júlio Prestes de Albuquerque e Benedito Pedro dos
Santos e a avenida Itatinga.
A área contaminada, de 15
mil m2, que fica a cerca de 800
metros do mar, foi descoberta
em 2006, quando um morador
encontrou manchas de óleo ao
escavar o terreno para reformar e ampliar sua casa.
Segundo moradores, por volta do início da década de 1980
caminhões chegavam ao bairro
carregados com resíduos de petróleo, incluindo os retirados
após vazamentos no Tebar
(Terminal Marítimo Almirante
Barroso), o maior do país.
Depois da descoberta das
manchas de óleo no terreno do
vizinho, outros moradores da
região passaram a investigar
por conta própria, e a contaminação foi então confirmada.
Até agora, 17 famílias foram retiradas do bairro.
No início, a suspeita era que
o foco contaminado fosse bem
menor, de 200 m 2, chamado de
"área vermelha", mas em julho
um relatório da Cetesb (agência ambiental de São Paulo)
confirmou que o despejo havia
alcançado um terreno maior.
O local é formado por dois
terrenos com uma pequena
elevação, que são separados
por uma região de várzea, onde
existe um córrego, que também deve estar comprometido.
O curso-d'água da área contaminada é um dos afluentes
do córrego Mãe Izabel, que deságua na baía do Araçá, principal ecossistema de mangue do
canal de São Sebastião.
"O mangue faz parte do ciclo
de vida de peixes, crustáceos e
moluscos. Tem uma cadeia biológica enorme ali", afirma o
ambientalista e advogado
Eduardo Hipolito do Rego, suplente do Consema (Conselho
Estadual do Meio Ambiente).
Os resíduos foram despejados pela Petrobras há duas décadas em um terreno a cerca de
1 km dos tanques da empresa,
ao lado do Tebar (Terminal
Marítimo Almirante Barroso).
Segundo a Cetesb, as análises
realizadas até agora apontaram
que será necessário retirar do
bairro 6.470 toneladas de resíduos e solo contaminados -peso igual ao de 8.000 Fuscas.
O secretário do Meio Ambiente de São Sebastião, Téo
Balieiro, disse que somente
com mais investigações será
possível apontar a área afetada.
"Há dificuldades, pois será
preciso demolir casas para investigar. Algumas não querem
negociar e entraram na Justiça
contra a Petrobras", diz.
Saúde
Em agosto de 2006, a Petrobras realizou uma análise no ar,
em 62 casas da área de maior
risco, em dois outros pontos do
bairro e em outros seis no centro de São Sebastião, que descartou a presença de agentes
químicos (como benzeno, tolueno e xileno).
De acordo com a estatal, também foram feitos exames laboratoriais, no Brasil e na Itália,
que afastaram a possibilidade
de efeitos na saúde humana.
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