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Foco
Longe de Pequim, Brasil tenta ouro em olimpíadas internacionais de ciências
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao longo das últimas semanas, duas dezenas de adolescentes vestiram a camisa
do Brasil em olimpíadas internacionais. Nada a ver com
as disputas em Pequim. Em
vez de força física, tiveram
de mostrar conhecimento
nas Olimpíadas de Química,
em Budapeste (Hungria), de
Física, em Hanói (Vietnã), de
Matemática, em Madrid (Espanha), e de Biologia, em
Mumbai (Índia).
As olimpíadas internacionais de ciências são disputadas por estudantes de nível
secundário (ensino médio)
de todo o mundo. Eles têm
entre 16 e 18 anos e se submetem a exames escritos e
experimentos práticos.
As provas são aplicadas
normalmente em julho e em
agosto, meses de férias escolares em parte dos países do
hemisfério Norte.
Longe de ser potência, o
Brasil conquistou neste ano
sete medalhas de prata e seis
de bronze. Por ora, nada de
ouro. Mas há esperança. Estão em curso neste momento as Olimpíadas de Astronomia e Astrofísica, em Bandung (Indonésia), e de Informática, no Cairo (Egito).
"Competir foi uma mistura de nervosismo com emoção", diz Guilherme Victal,
16, de São Paulo, que chegou
do Vietnã trazendo uma medalha de prata, título até então inédito para o Brasil na
Olimpíada Internacional de
Física. "Foi uma experiência
interessante também porque nunca tinha me imaginado em Hanói."
Para representar o país no
exterior, os estudantes precisam passar pelas olimpíadas brasileiras, que envolvem escolas de todo o tipo.
Antes de viajarem para o exterior, os vencedores fazem
treinamento intensivo com
professores universitários.
Como reflexo da famigerada educação nacional, os alunos da rede pública quase
nunca passam das "eliminatórias". Às quatro olimpíadas deste ano -já encerradas- o Brasil enviou apenas
alunos de colégio particular.
Segundo Rubens Oda, vice-coordenador da Olimpíada Brasileira de Biologia,
70% dos inscritos nas "eliminatórias" nacionais são da
rede pública. "Mas não passam de jeito nenhum", diz.
"A escola pública não tem
dinheiro, não tem laboratório. Você já sabe o resultado", afirma Sérgio Maia Melo, da coordenação da Olimpíada Brasileira de Química.
Fã ardorosa da química
orgânica, Thaís Macedo, 17,
ganhou prata na Hungria.
"Não quer dizer que sou melhor do que ninguém. Apenas tive oportunidades", diz.
Os colégios particulares em
que ela estudou, em Fortaleza, sempre ofereceram atividades extras de ciências.
"Estudei duro também. Eu
só saía de casa uma vez por
semana, para ir à missa."
Com o currículo ostentando vitórias em edições passadas da Olimpíada Brasileira
de Química, Thaís conseguiu
ser aceita no MIT (Instituto
de Tecnologia de Massachusetts), nos EUA, uma das instituições de ensino superior
mais prestigiosas do mundo.
Os colégios particulares ficam de olho nos vencedores.
Henrique Pondé, 18, medalhista na Olimpíada Brasileira e na Internacional de Matemática, deixou a família
em Salvador no início do ano
para concluir os estudos em
São Paulo. Aceitou a bolsa de
estudos oferecida por uma
grande escola da cidade.
As olimpíadas brasileiras e
a viagem dos competidores
para o exterior são, na maioria das vezes, custeadas pelo
governo. No início do mês, os
ministérios da Educação e da
Ciência e Tecnologia abriram edital oferecendo R$ 1,5
milhão às entidades que quiserem se responsabilizar pelas competições científicas.
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