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Governo promete contrapartida com ampliação da área do porto
Estado diz que plano inclui projetos viários e sociais
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes de questionar somente
os impactos negativos da ampliação do porto no litoral norte de São Paulo, é preciso analisar a importância estratégica
do projeto para o Brasil e o planeta, defende o presidente da
Companhia Docas de São Sebastião, Frederico Bussinger.
Homem de confiança do governador José Serra (PSDB),
Bussinger afirma que o projeto
está dentro da concepção mundial de alterar o sistema de
transportes, com a adoção de
formas mais eficientes e menos
poluentes, como a marítima.
"A ampliação do transporte
marítimo é um agente contra o
aquecimento global. Discute-se
o impacto local e regional, mas
não os ganhos globais. E mesmo na região haverá ganhos."
Segundo ele, também há uma
falsa divulgação de que São Sebastião atinja o nível de degradação a que chegou a zona portuária de Santos.
"São Sebastião jamais será do
tamanho de Santos, como alguns dizem. E não tem isso de
pilha de contêiner fechando a
vista. Da ilha, mal dá para ver o
porto de contêiner", diz.
Em relação à paisagem, diz
ele, a ampliação do Tebar (terminal de petróleo da Petrobras) será muito mais nociva.
"Quando duplicarem o Tebar,
da Vila [o centro de Ilhabela]
não vai dar para ver o centro de
São Sebastião", diz.
Bussinger diz que a ampliação do porto será acompanhada de projetos viários importantes, como a duplicação da
rodovia dos Tamoios e o anel
viário entre Caraguatatuba e
São Sebastião.
O turismo de cruzeiros, que
hoje leva a Ilhabela mais visitantes do que os vindos pela
balsa, será beneficiado com um
terminal próprio.
Há, porém, uma questão para
o governo: quando estiver concluída, a ampliação do porto vai
criar cerca de 2.500 empregos
em São Sebastião, o que agrava
o fenômeno da migração e da
falta de moradias.
Na avaliação do secretário de
Estado do Meio Ambiente, Xico
Graziano, o governo deve "dar o
exemplo" e mitigar os efeitos
nocivos do projeto.
Por conta de pressões de ambientalistas, a companhia já alterou o projeto para reduzir ao
máximo o aterro do mangue do
Araçá. Agora, a estrutura ficará
suspensa sobre o mangue.
As exigências, que vão constar do licenciamento ambiental, são estações de tratamento
de esgoto, mais oferta de água,
investimentos em saúde e segurança pública.
Uma das ideias, formulada
pelo próprio governador Serra,
é exigir como contrapartida a
construção de vilas operárias
para acolher os trabalhadores.
"Não dá para falar em aumentar o porto sem antes duplicar a rodovia dos Tamoios. É
uma região muito especial, que
não pode ser tão maltratada como já foi."
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)
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