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GREVE NAS FEDERAIS
Pagamento é feito por consultas e exames, afetados pela suspensão de atendimentos não-emergenciais
Hospitais prevêem queda de repasse do SUS
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A greve dos professores e dos
servidores das universidades federais poderá inviabilizar, caso se
prolongue por muito mais tempo,
a administração dos hospitais
universitários. Essa é a previsão
de reitores e diretores de hospitais
ouvidos pela Folha.
A crise é agravada porque eles
deixam de receber recursos do
SUS (Sistema Único de Saúde)
por estarem atendendo menos
em decorrência da paralisação de
atividades não-emergenciais. O
SUS paga por consulta e exames.
Segundo o Ministério da Saúde,
os hospitais universitários possuem 42 mil leitos, que correspondem a 8,7% do total em hospitais que recebem do SUS.
A situação varia em cada universidade. Os dados são estimados porque o repasse de consultas
do SUS pode demorar de um a
dois meses para ser contabilizado.
No hospital da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), a direção calcula que deixará de receber
R$ 190 mil por consultas e exames
que não foram feitos no período
de um mês, desde que começou a
greve. Em média, o hospital recebe R$ 430 mil mensais do SUS.
"O ambulatório, nossa principal
fonte de receita, está fechado. Cada consulta gera a solicitação de
exames. Os casos mais graves, no
entanto, exigem equipamentos
sofisticados e que consomem
mais recursos. Esses, não podemos deixar de atender", diz o reitor da UFPB, Jader N. de Oliveira.
Na UFPE (Universidade Federal
de Pernambuco), as consultas
ambulatoriais também são a principal fonte de receita do hospital.
Na semana anterior à greve, segundo o diretor-superintendente
do hospital, Éfrem Maranhão,
houve mais de 4.000 consultas.
Após cinco semanas de paralisação, a média caiu para 500 por semana. Como o hospital já funciona com um déficit mensal de R$
300 mil mensais, a queda na arrecadação preocupa a direção.
O hospital da UFF (Universidade Federal Fluminense) teve queda de 50% no atendimento. Em
períodos normais, o repasse mensal do SUS é de R$ 340 mil. "Vamos ter um prejuízo brutal", afirma o diretor Rogério Benevento.
A situação pode ser amenizada
com o fim da greve dos residentes.
Na sexta-feira, o MEC e o sindicato chegaram a um acordo.
Apesar da boa notícia, ainda há
o temor, entre os reitores, de que
ocorra uma radicalização da greve que acabe por intensificar a paralisação nos hospitais.
Além disso, os efeitos da greve
estão sendo sentidos mesmo em
hospitais pouco afetados pela paralisação. "As pessoas estão deixando de vir porque sabem que a
universidade está em greve", afirma o reitor da UFF, Cícero Fialho
Rodrigues.
O diretor-geral do Hospital das
Clínicas da UFSC (Universidade
Federal de Santa Catarina) expõe
o mesmo quadro: "Mesmo com
as atividades quase normais, houve queda no atendimento por
causa da notícia da greve", diz
Fernando Osni Machado.
A maioria dos reitores diz considerar justas as reivindicações,
mas tenta convencer os servidores a não paralisar nem mesmo os
atendimentos menos emergenciais para não prejudicar a população e a arrecadação.
Em alguns casos, no entanto, a
solução foi mais drástica. O hospital universitário da UFPR (Universidade Federal do Paraná), por
exemplo, só não parou por causa
de uma decisão da Justiça.
"Houve uma manifestação judicial convocando os servidores a
voltar ao trabalho por considerar
a atividade essencial para a população", afirma Luiz Carlos Sobania, diretor do hospital.
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