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ESTRADAS
Veículos pesados são 30% do tráfego das rodovias privatizadas, mas aparecem em 40% dos acidentes com morte
Caminhões oferecem os maiores riscos
DA REPORTAGEM LOCAL
Os caminhões representam cerca de 30% do tráfego de veículos
nas rodovias concedidas de São
Paulo, mas estão envolvidos em
40% dos acidentes com mortes.
Os caminhoneiros são os que
mais preocupam os especialistas
em segurança do trânsito porque
resistem a evitar as viagens durante a noite e a madrugada.
"O caminhoneiro sempre prefere dirigir à noite porque existe
menos tráfego. E, para carregar e
descarregar os veículos, tem que
ser de dia. Sobram os horários da
noite para viajar", afirma Nélio
Botelho, presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro.
Com um tempo de sono inferior
ao da maioria da população, eles
ingerem em média 50 comprimidos por mês para se manter na direção, segundo pesquisa de Cláudia Moreno, da Unifesp.
O risco atinge essencialmente os
motoristas autônomos, que representam 65% da categoria
-80% deles admitem tomar algum tipo de remédio para continuar no volante sem dormir.
Botelho reconhece que as condições de trabalho dos caminhoneiros prejudicam a segurança de
muitos motoristas nas estradas,
mas diz que a categoria é vista injustamente como vilã.
"O profissional opera pela lei de
mercado. A remuneração está
muito ruim, e ele é obrigado a
cumprir uma jornada criminosa.
Mas, muitas vezes, ele é vítima da
barbeiragem de um carro, e não
culpado por um acidente."
Cochilo
Marco Túlio de Mello, professor
do Instituto do Sono, ligado à
Unifesp, diz que a dica para os
motoristas que optam por dirigir
à noite ou são obrigados a essa
prática é "não brigar" com a situação de sono.
"O certo é parar, cochilar durante 30 minutos, tomar um banho e beber um café forte", afirma
o pesquisador. "O caminhoneiro
não costuma fazer isso porque
evita parar no acostamento e em
postos da estrada por causa da falta de segurança. E, além de dormir pouco, ele dorme muito mal,
porque dorme dentro do caminhão", diz Mello.
Mello fez uma pesquisa com 400
motoristas de ônibus que atuam
nas estradas, dos quais 16% admitiam ter dormido ao volante e
52% diziam conhecer um colega
de trabalho que passa constantemente por essa situação.
A pesquisa, com apoio do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) e da Fapesp (Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado),
levou ainda 55 motoristas para
uma análise detalhada em laboratório. Do total, 45% se mostraram
cansados e sonolentos.
(ALENCAR IZIDORO)
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