São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2005

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CRIME NO QUINTAL

Para Corregedoria, pelo menos quatro agentes pegaram os R$ 2 milhões e três deram cobertura à ação

Sete policiais são acusados por furto na PF

JOSÉ MESSIAS XAVIER
DA SUCURSAL DO RIO

A Corregedoria da Polícia Federal afirma ter identificado ao menos sete agentes federais acusados de participação no furto de R$ 2 milhões em euros, dólares e reais da sede da PF no Rio de Janeiro.
De acordo com a apuração, quatro agentes atuaram diretamente no furto e três deram apoio à ação. Eles não tinham sido presos até a conclusão desta edição.
Os sete estão entre os 59 policiais da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) e dos grupos que estavam de plantão no final de semana do furto. Todo o grupo foi remanejado para cumprir serviços burocráticos enquanto durar a investigação.
Os quatro que agiram, segundo a Corregedoria, entraram na DRE e arrombaram as portas internas em uma ação simultânea, para minimizar ao máximo o barulho. Os dois sacos onde estava o dinheiro foram, presumivelmente, jogados de uma sacada para a rua.
Esse grupo já teria trabalhado na DRE e possuiria vínculo com uma rede de agiotagem no Rio, que descontou dois cheques supostamente apreendidos pela PF na rinha onde o publicitário Duda Mendonça foi preso, em outubro.
Com folhas assinadas pelo dono do clube onde ocorria a rinha de galos, o talão teve dois cheques, um de R$ 15 mil e outro de R$ 3.000, descontados no banco.
O ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, disse, em Brasília, que "é prioridade para a PF elucidar essa situação" e que, para isso, "estão sendo feitos todos os esforços e diligências possíveis".
Hoje, o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, reúne-se com o superintendente em exercício no Rio, Roberto Prel, para receber informações sobre a investigação em andamento. Prel nega que haja intervenção branca na unidade. "A presença do diretor-geral no Rio significa a unidade da Polícia Federal e representa, para nós, um apoio importante. Não é uma intervenção", disse Roberto Prel. Lacerda também afirmou que sua ida ao Rio não é intervenção.
Segundo Lacerda, vem ocorrendo um procedimento de correição na superintendência do Rio, que agora será iniciado especificamente na DRE. "Nesse procedimento vai-se verificar se existiram casos anteriores ou se foi uma situação isolada", afirmou, por telefone, de Fortaleza, onde participava de encontro de delegados.
Todos os inquéritos da DRE, concluídos e em andamento, serão investigados. Volumes de dinheiro, drogas e bens, que constam de autos de apreensão, serão conferidos, assim como o desempenho de agentes e delegados.
"Não é que haja desconfiança sobre outros trabalhos da DRE, mas, como houve o furto, nada mais natural que a correição", diz o superintendente em exercício.
Prel também afirmou que a PF espera reaver o dinheiro e que a investigação tenta estabelecer um elo entre a quadrilha e os agentes responsáveis pelo furto.
A Operação Caravelas desarticulou o grupo acusado de enviar cocaína para a Europa via Brasil.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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