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MYRIAN RODRIGUES FERNANDES (1926-2008)
O predileto era sempre o mais novo
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Estavam nos opostos, cada
qual morando numa ponta
da cidade. Ela na zona oeste,
ele, na leste. O casal não teria
se formado não fosse o amigo
em comum, que os convidou
para a mesma festa.
Myrian Rodrigues tinha
apenas 14 anos quando conheceu Florestan Fernandes
naquela confraternização.
Quatro anos mais tarde, casaram-se -justo na data do
aniversário dela- e a distância entre eles foi facilmente
resolvida: Florestan, então
vendedor de remédios odontológicos, mudou-se para a
Pompéia, o bairro dela, onde
foram morar juntos.
Filha de imigrantes portugueses, o pai funcionário da
Ford em São Paulo, Myrian
estudou só até o primário.
Após casada, foi cuidar da casa e dos filhos e acompanhou
a trajetória notável do marido, de menino pobre a um
dos nomes mais importantes
da sociologia brasileira.
A família crescia tanto
-deixou seis filhos, 13 netos
e outros 13 bisnetos- que ela
costumava dizer, como lembra a filha: "O meu predileto
é sempre o mais novo".
"Não deixa só seis filhos,
são muitos órfãos", diz Beatriz, uma das filhas, que freqüentemente puxava as orelhas da mãe porque Myrian
fazia doações a qualquer instituição que ligava pedindo
ajuda. "Mas são crianças com
câncer", justificava-se a mãe.
Até a semana passada, estava bem: dirigia, fazia as
compras de casa etc. Morreu
na quinta, dois dias após fazer aniversário, em São Paulo, aos 82, de ataque cardíaco.
obituario@folhasp.com.br
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