São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2008

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MYRIAN RODRIGUES FERNANDES (1926-2008)

O predileto era sempre o mais novo

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Estavam nos opostos, cada qual morando numa ponta da cidade. Ela na zona oeste, ele, na leste. O casal não teria se formado não fosse o amigo em comum, que os convidou para a mesma festa.
Myrian Rodrigues tinha apenas 14 anos quando conheceu Florestan Fernandes naquela confraternização. Quatro anos mais tarde, casaram-se -justo na data do aniversário dela- e a distância entre eles foi facilmente resolvida: Florestan, então vendedor de remédios odontológicos, mudou-se para a Pompéia, o bairro dela, onde foram morar juntos.
Filha de imigrantes portugueses, o pai funcionário da Ford em São Paulo, Myrian estudou só até o primário. Após casada, foi cuidar da casa e dos filhos e acompanhou a trajetória notável do marido, de menino pobre a um dos nomes mais importantes da sociologia brasileira.
A família crescia tanto -deixou seis filhos, 13 netos e outros 13 bisnetos- que ela costumava dizer, como lembra a filha: "O meu predileto é sempre o mais novo".
"Não deixa só seis filhos, são muitos órfãos", diz Beatriz, uma das filhas, que freqüentemente puxava as orelhas da mãe porque Myrian fazia doações a qualquer instituição que ligava pedindo ajuda. "Mas são crianças com câncer", justificava-se a mãe.
Até a semana passada, estava bem: dirigia, fazia as compras de casa etc. Morreu na quinta, dois dias após fazer aniversário, em São Paulo, aos 82, de ataque cardíaco.

obituario@folhasp.com.br


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