São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2000

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REBELIÃO
Confusão começou durante o horário de visitas; 420 dos 800 detentos dominam a penitenciária em Minas Gerais
Presos fazem 66 reféns em Contagem

EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA

Armados com revólveres calibre 38, facas e estiletes, presos rebelados na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), fizeram ontem 66 pessoas como reféns.
A rebelião começou no início da tarde, por volta de meio-dia, meia hora depois do início do horário de visitas, e não tinha terminado até o fechamento desta edição. Não havia, inicialmente, registro de mortos ou feridos.
O movimento começou quando um grupo de presos rendeu um agente penitenciário que abria uma das celas.
No refeitório da penitenciária, dois policiais militares também foram rendidos, quando buscavam comida para colegas que faziam a segurança externa.
Depois de tomar as armas e os coletes à prova de bala dos policiais, os presos pegaram facas na cozinha. Foram abertas todas as celas de 6 dos 12 pavilhões.

Domínio
Em poucos minutos, cerca de 420 presos, de uma população de mais de 800, passaram a ter domínio da situação. Alguns foram para o telhado. A maioria se espalhou pelo prédio.
A Polícia Militar cercou o local, para evitar fugas, e se manteve pronta para eventual ordem de invasão do presídio.
Na lista de reféns, estavam 47 familiares que tinham ido visitar presos, incluindo 17 crianças, mais 17 agentes penitenciários e dois policiais militares. Alguns parentes e um agente foram libertados à tarde.
No início da noite, um carcereiro que não quis se identificar informou a imprensa que os presos ameaçavam explodir um carro da Polícia Militar, caso as reivindicações não fossem atendidas.
Os detentos pedem revisão de penas, transferências de condenados que já tivessem direito a regime semi-aberto, um telefone celular e a exoneração do diretor da penitenciária, major Marcelo Álvaro Assis Toledo.
Para o último ponto da reivindicação, os presos exigiam a presença da secretária da Justiça, Angela Pace. Ela não chegou ao local até as 19h. Em negociação com os presos, a direção do presídio não confirmou que a exoneração do diretor estivesse entre os pedidos.
Por volta das 17h, chegaram ao presídio, para participar das negociações, o juiz Francisco Correia Neto, diretor do Fórum de Contagem, e um promotor de Justiça.
Centenas de familiares de presos faziam vigília na porta do presídio, à espera de informações sobre a situação.


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