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REBELIÃO
Confusão começou durante o horário de visitas; 420 dos 800 detentos dominam a penitenciária em Minas Gerais
Presos fazem 66 reféns em Contagem
EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA
Armados com revólveres calibre 38, facas e estiletes, presos rebelados na penitenciária Nelson
Hungria, em Contagem, na região
metropolitana de Belo Horizonte
(MG), fizeram ontem 66 pessoas
como reféns.
A rebelião começou no início da
tarde, por volta de meio-dia, meia
hora depois do início do horário
de visitas, e não tinha terminado
até o fechamento desta edição.
Não havia, inicialmente, registro
de mortos ou feridos.
O movimento começou quando
um grupo de presos rendeu um
agente penitenciário que abria
uma das celas.
No refeitório da penitenciária,
dois policiais militares também
foram rendidos, quando buscavam comida para colegas que faziam a segurança externa.
Depois de tomar as armas e os
coletes à prova de bala dos policiais, os presos pegaram facas na
cozinha. Foram abertas todas as
celas de 6 dos 12 pavilhões.
Domínio
Em poucos minutos, cerca de
420 presos, de uma população de
mais de 800, passaram a ter domínio da situação. Alguns foram para o telhado. A maioria se espalhou pelo prédio.
A Polícia Militar cercou o local,
para evitar fugas, e se manteve
pronta para eventual ordem de
invasão do presídio.
Na lista de reféns, estavam 47 familiares que tinham ido visitar
presos, incluindo 17 crianças,
mais 17 agentes penitenciários e
dois policiais militares. Alguns
parentes e um agente foram libertados à tarde.
No início da noite, um carcereiro que não quis se identificar informou a imprensa que os presos
ameaçavam explodir um carro da
Polícia Militar, caso as reivindicações não fossem atendidas.
Os detentos pedem revisão de
penas, transferências de condenados que já tivessem direito a regime semi-aberto, um telefone celular e a exoneração do diretor da
penitenciária, major Marcelo Álvaro Assis Toledo.
Para o último ponto da reivindicação, os presos exigiam a presença da secretária da Justiça, Angela
Pace. Ela não chegou ao local até
as 19h. Em negociação com os
presos, a direção do presídio não
confirmou que a exoneração do
diretor estivesse entre os pedidos.
Por volta das 17h, chegaram ao
presídio, para participar das negociações, o juiz Francisco Correia Neto, diretor do Fórum de
Contagem, e um promotor de
Justiça.
Centenas de familiares de presos faziam vigília na porta do presídio, à espera de informações sobre a situação.
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