São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

URBANIDADE

Aprendiz de urbanista

GILBERTO DIMENSTEIN
COLUNISTA DA FOLHA

O administrador de empresas Guilherme Almeida Prado está convencido de que a feiúra de São Paulo também é um problema educacional -e de que beleza se aprende na escola.
Desde pequeno, imagina ele, o paulistano convive com a poluição visual e acaba acreditando que a cidade sempre será desse jeito, irremediavelmente feia. "O paulistano não é preocupado com a estética", opina.
Tentou montar uma entidade que reunisse práticas inovadoras de revitalização das cidades para repassá-las às associações de bairro. Fracassou. Não conseguiu dinheiro nem atraiu a atenção das associações. Lembrou-se, então, de que nunca estudou urbanismo na escola e decidiu partir agora para uma nova tentativa com o intuito de melhorar o visual da cidade.
Uniu-se à artista plástica Beth Kok e lançou um concurso intitulado A Cidade Ideal, a ser realizado durante todo o próximo ano. A idéia é estimular estudantes do ensino fundamental e médio a se tornarem aprendizes de urbanista.
Cada escola deverá escolher, nas suas redondezas, uma área degradada. Auxiliados em sala de aula pelos professores, os alunos devem apresentar um projeto de revitalização daquele espaço degradado.
Educar o olhar das crianças e adolescentes atraiu vários parceiros. Para os professores ajudarem seus alunos, será oferecido um material didático preparado com a ajuda das secretarias Municipal e Estadual de Educação, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Unesco. Existe um critério essencial para o projeto ser selecionado: simplicidade. "Não adianta imaginar um projeto em que o governo tenha de investir milhões. Deve também ser de fácil replicação", explica o administrador de empresas.
A novidade não é apenas o estímulo escolar para o estudo das cidades, entronizado na grade curricular, fazendo do estudante um misto de urbanista com agente comunitário -a cidade aparece assim como um eixo transversal para o estudo das matérias tradicionais, tirando o aluno de sala de aula.
Novidade mesmo é que os vencedores receberão dinheiro para que façam a implantação do projeto, coordenado por seus próprios autores.

E-mail -
gdimen@uol.com.br

Texto Anterior: Assessores não avisaram governador
Próximo Texto: Trânsito: Trânsito no Morumbi será monitorado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.