São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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SAÚDE

Laboratório nega ter mentido em propaganda

DA REPORTAGEM LOCAL

O laboratório farmacêutico Roche divulgou uma carta ontem em que nega ter mentido no anúncio do antiinflamatório naproxeno sódico 275 mg publicado nos últimos dias em jornais e revistas.
A propaganda, veiculada na esteira da proibição de um concorrente do remédio, o Vioxx, da Merck & Co. Inc. leva o título "Existe uma alternativa confiável contra as inflamações".
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que reiterou ontem a informação de que a propaganda é mentirosa, o mais grave do anúncio é o fato de ele induzir ao uso indiscriminado do remédio, o que pode ser perigoso para a saúde.
De acordo com o presidente da Anvisa, Cláudio Maierovitch Pessanha Henriques, além de a agência poder multar a Roche em até R$ 1,5 milhão, estuda agora obrigar o laboratório a publicar uma correção do anúncio.
Também analisará se o remédio deve ser mantido na categoria de venda livre -sem receita médica e com autorização para anunciar em revistas, jornais e na televisão. "É uma irregularidade grave."
Henriques explica que o Vioxx, proibido por poder causar problemas de coração, em geral, era prescrito para pessoas com distúrbios estomacais -drogas anteriores a ele, como o naproxeno sódico, podem levar a sangramentos do estômago. Se essa pessoa ler o anúncio da Roche, pode fazer a troca e assim correr o risco de uma hemorragia, afirmou.

Carta da Roche
Na carta divulgada ontem, a Roche destaca que o anúncio não menciona e não sugere que o naproxeno possa ser substituto de qualquer outro fármaco, mas esclarece que tem mecanismo de ação diferente de drogas da classe do Vioxx.
"Também não se coloca como medicamento seguro em termos absolutos ou relativos, mas sim menciona as diferenças quanto ao risco cardiovascular (...). Tais informações foram apresentadas em publicações recentes por revistas médicas indexadas e de alto conceito (...)", continua a nota.
A Roche informou ainda que sua propaganda "não afirma e não sugere que o medicamento não tenha riscos e sim menciona que ele tem sua eficácia e tolerabilidade documentadas em inúmeras publicações ao longo de mais de 30 anos".
A empresa terá um prazo para se defender na agência, informou o órgão de vigilância. Todos os veículos de comunicação que divulgaram a propaganda também poderão ser punidos.
(FABIANE LEITE)


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