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Nayara nega que houve tiro antes de invasão
Declaração contraria a versão da Polícia Militar, que afirmou ter invadido o apartamento após ter ouvido um disparo
Em depoimento à Polícia Civil após receber alta, garota admitiu que não tinha autorização da mãe para voltar ao apartamento
Rivaldo Gomes/Folha Imagem
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Nayara no hospital em Santo André após prestar depoimento
DA REPORTAGEM LOCAL
Em depoimento de cerca de
três horas à Polícia Civil, a adolescente Nayara Silva, 15, afirmou ontem que não houve um
tiro no apartamento onde era
mantida refém por Lindemberg Alves minutos antes da invasão por policiais militares, na
sexta-feira. Na semana passada, ela foi mantida refém no local com a amiga Eloá Pimentel,
15, ex-namorada de Lindemberg. Eloá morreu baleada.
A afirmação contraria versão
da Polícia Militar, que disse ter
invadido o local porque um disparo foi ouvido lá dentro e a vida das garotas corria risco.
Nayara, que estava internada
desde a última sexta-feira após
levar um tiro no rosto, afirmou
ao delegado seccional de Santo
André, Luiz Carlos dos Santos,
que Lindemberg fez um disparo, entre as 15h e as 16h, no teto.
A invasão do Gate (Grupo de
Ações Táticas Especiais), da
PM, ocorreu às 18h08.
De acordo com Nayara, Lindemberg atirou porque estava
nervoso. Ela disse ainda ter estranhado o fato de nenhum policial ter ligado para o criminoso para questionar sobre o que
havia ocorrido.
No momento da invasão, Nayara estava na sala, deitada no
colchonete; Eloá estava no sofá.
Ela narra ter ouvido apenas um
barulho de explosão. Tentou,
então, se esconder com um pano no rosto e, por isso, nem viu
quando foi atingida.
A menina, segundo o delegado Santos, admitiu que não tinha a autorização da mãe para
voltar ao apartamento na quinta-feira -ela havia sido libertada por Lindemberg na noite de
terça. A volta de Nayara ao cativeiro foi a ação mais criticada
da PM em toda a operação. O
Ministério Público Militar e a
Corregedoria da PM irão investigar se houve falha dos policiais militares no episódio.
O acordo entre a mãe dela,
Andréia Araújo, e policiais previa que Nayara ficaria apenas
do lado de fora do prédio, conversando com Lindemberg pelo telefone. Depois, segundo
disse ao delegado, a PM a orientou a chegar em frente à porta
do apartamento, porque Lindemberg tinha se comprometido a liberar Eloá.
Lindemberg e Nayara ficaram se falando por celular e ele
pediu que ela se aproximasse
mais da porta. Depois disso, o
criminoso a obrigou a entrar no
apartamento, ameaçando Eloá
com uma arma.
Em entrevista, a mãe de Nayara confirmou só ter autorizado que a filha ficasse em frente
ao prédio. "Quando percebi, vi
minha filha andando na escada
e não consegui mais chamá-la."
Depois de passar por duas cirurgias, Nayara deixou ontem o
Centro Hospitalar de Santo
André. Ela não falou com a imprensa. Apenas posou para fotos, sorriu e disse: "Tchau".
A mãe dela afirmou ontem
que ainda não constituiu advogado. Apesar disso, o advogado
Ângelo Carbone deu entrevistas pela manhã dizendo que havia sido contratado pela família
e que iria entrar com um pedido de indenização contra o Estado, de R$ 2,5 milhões.
Questionada, Andréia disse
que Carbone se ofereceu para
trabalhar para ela e que havia sido indicado por um produtor da
TV Record, do programa "Hoje
em Dia". "Ainda estudo se vou
pedir indenização ou não."
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