São Paulo, sexta, 23 de outubro de 1998

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SAÚDE
Há 117 casos confirmados da doença na cidade; autoridades temem grande incidência do tipo hemorrágico
Explode número de casos de dengue em BH

RANIER BRAGON
em Belo Horizonte

O número de casos de dengue em Belo Horizonte está em crescimento rápido desde o início do mês de agosto.
Até a última terça-feira, 117 casos da doença estavam confirmados e 288 permaneciam sob suspeita.
A cidade teve um dos piores surtos de dengue do país -ocorrido entre novembro de 97 e junho deste ano-, com mais de 88 mil casos de dengue clássica e 24 da hemorrágica, com três mortes.
Preocupado com a possibilidade de não receber o repasse de um termo aditivo de R$ 2 milhões, assinado em junho entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura de Belo Horizonte para o combate à dengue na cidade, o secretário municipal da Saúde, Marílio Malagutti, foi na segunda-feira à Secretaria de Estado da Saúde pedir a união das duas secretarias para exigir o repasse da verba.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, dos R$ 7,8 milhões acertados entre a prefeitura e o Ministério da Saúde no ano passado, somente R$ 4,2 milhões foram repassados, de março a julho deste ano, quando a epidemia já havia atingido seu ápice.
Malagutti diz temer que, caso a verba não seja repassada até a eleição, ela demore a vir ou não venha mais. Os dois secretários enviaram um ofício ao ministério solicitando pressa no repasse.

Hemorrágica
Duas crianças apresentaram a dengue hemorrágica nesse novo surto e a Secretaria Municipal da Saúde trabalha com uma expectativa de 1.400 casos ou mais da dengue hemorrágica.
Quando uma pessoa é infectada por um dos tipos de vírus da dengue e depois por outro, ela contrai a doença novamente e normalmente desenvolve a hemorrágica, que pode matar.
Segundo a diretora do Departamento de Planejamento da Secretaria Municipal da Saúde, Valéria de Melo Rodrigues e Oliveira, o alto índice da dengue hemorrágica desta vez pode ocorrer devido à predominância do mosquito contaminado com o vírus tipo 2.
No ano passado, houve somente mosquitos contaminados com o vírus tipo 1.
Na penúltima vez em que os casos explodiram, já apareceram alguns mosquitos contaminados com o vírus tipo 2.
Para Valéria, a conscientização da população não está fácil. "As pessoas sabem que existe a doença, que é transmitida por um pernilongo, mas não acreditam que uma tampinha de refrigerante ou um potinho com água possam servir de criadouro."



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