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THE BOOK IS ON THE TABLE 2
Levantamento mostra que 15% das lojas e bares paulistanos são batizados com nomes em inglês
Leve dicionário na hora de ir às compras
#AbreChp()#ON THE ROAD
de loja de
gravatas e roupas
de homem promete
melhor preço
no shopping Iguatemi;
acima, posto
de telefone
também no shopping
#FechaChp#Vitrine de loja
de artigos de
couro no
Iguatemi
é toda escrita
em inglês;
Na Paulista,
nome de loja e
delivery no
mesmo ângulo
LUCIA MARTINS
da Reportagem Local
A mãe up-to-date vai neste
X-mas aproveitar uma sale e conseguir 50% off em uma toy shop
para comprar um presente para o
baby. Se você tem dificuldades para entender a frase acima, desista
de fazer compras neste Natal em
São Paulo.
Usar palavras, expressões ou traduzir nomes inteiros para o inglês
é a nova tática para atrair os consumidores, principalmente nos
bairros de classe média da cidade.
Nos Jardins e na Vila Mariana
(ambos na zona sudoeste), é quase
impossível encontrar nomes de lojas, de marcas e de serviços em
português. "How to get the best
price", "Aceitamos cards", "Fazemos delivery" são alguns exemplos encontrados nesses bairros.
A "invasão" da língua pode ser
medida pelo número de lojas com
nomes em inglês. De cada 100 lojas
de São Paulo, 15 têm alguma palavra ou estrutura do inglês no nome. Essa é uma estimativa da Federação das Câmaras e Dirigentes
Lojistas, que fez um levantamento
em 3.300 lojas.
A explicação de Maurício Stainoff, presidente da federação, é a
mesma dada por especialistas.
"Inglês tem prestígio."
Os donos de bares também resolveram americanizar. O índice de
nomes "in english" é o mesmo das
lojas. Levantamento da Associação de Bares e Restaurantes Diferenciados mostra que cerca de 15%
dos seus 300 associados também
têm nomes em inglês.
O grupo que estimula o turismo
na cidade é chamado de SP Convention Bureau. Segundo o grupo,
esse é um nome usado por outras
capitais. A mais recente campanha
do SP Convention Bureau é a "SP
Wellcomes Visa", para atrair
clientes do cartão de crédito.
Para a maior parte dos estudiosos da língua, o que ocorre na cidade é apenas reflexo da globalização. A prova disso é a demanda
crescente de quem quer aprender a
língua. Na cidade, há 3.000 cursos.
Para alguns estudiosos do português, o fenômeno é "invasão". Para outros, apenas um "empréstimo". Ieda Maria Alves, professora-doutora de filologia e língua
portuguesa da USP, está organizando um dicionário de neologismos e levantou cerca de 3.500 palavras novas usadas pela imprensa.
Desses, 10% são anglicismos.
Entre as recordistas em uso, estão cult, black, talk show (veja as
20 mais usadas nesta página). Para
Ieda, os "empréstimos podem representar um fator de enriquecimento". No Aurélio, os anglicismos são cerca de 400, menos da
metade dos estrangeirismos.
Já para Dino Preti, professor-doutor de língua portuguesa
da PUC-SP, a "infiltração do inglês é absurda e deve ser controlada". "Essa invasão é difícil de evitar. Acho que o caminho é o fortalecimento das escolas."
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