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CASO PEDRINHO
Mãe de criação será processada por sequestro qualificado e falsificação de documento; pena pode chegar a 11 anos
Justiça aceita denúncia contra Vilma
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O juiz Cesar Laboissiere Loyola,
da 8ª Vara Criminal de Brasília,
vai processar Vilma Martins Costa, mãe de criação de Osvaldo
Martins Jr., chamado de Pedrinho
pelos pais biológicos, por sequestro qualificado e falsificação de registro de nascimento. O processo
foi solicitado pelo Ministério Público do Distrito Federal.
Inquérito da Polícia Civil concluiu que Vilma foi quem sequestrou Pedrinho em janeiro de 1986,
poucas horas depois do nascimento. O bebê foi levado do hospital Santa Lúcia, em Brasília.
Exame de DNA realizado no início do mês confirmou que Pedrinho é filho de Maria Auxiliadora e
Jayro Tapajós Braule Pinto.
Vilma deverá ser interrogada
em Goiânia, onde mora. Se condenada, ela pode pegar de quatro
a 11 anos de prisão.
A decisão do juiz seguiu a mesma velocidade do trabalho do Ministério Público, que tinha até 15
dias para decidir se arquivava ou
não o processo, mas divulgou sua
decisão menos de 24 horas após
receber a documentação do caso.
Já no caso da 8ª Vara Criminal do
Tribunal de Justiça, não havia um
prazo para essa definição.
Em sua decisão, Loyola afirma
que não vê necessidade para a caracterização do delito de sequestro que a vítima [Pedrinho] seja
detida ou confinada em determinado local. Esse foi o mesmo argumento usado pela Promotoria.
"A sua [de Pedrinho] liberdade,
não só a intelectual como a física,
ficou restrita às possibilidades
que eram concedidas pelas pessoas que supunha ser os seus
pais", diz o juiz.
Vontade presumível
Pedrinho foi levado do quarto
de sua mãe biológica, Maria Auxiliadora, conhecida como Lia, horas depois de nascer, no dia 21 de
janeiro de 1986. Como o bebê não
tinha vontade própria, o juiz entendeu a vontade de ficar com Lia
como "presumível". Ou seja, como era menor de idade, a decisão
caberia aos pais da criança.
Em janeiro de 1986, segundo depoimento prestado à polícia por
Sinfrônio Martins Costa, irmão
de Vilma, ele a levou até Brasília
sem ter conhecimento do que ela
iria fazer. Na volta a Goiânia, disse
Sinfrônio, Vilma levava um bebê.
Os dois brigaram e ficaram quase
quatro anos sem se falar.
Na denúncia -documento elaborado pela Promotoria para que
o Judiciário decida se vai abrir
processo-, a Promotoria não indica Sinfrônio como cúmplice.
A promotora Ana Cláudia Magalhães levou menos de um dia
para concluir que os crimes que
teriam sido praticados por Vilma
não haviam prescrito. Na quarta-feira, ela havia afirmado que tinha
dúvidas. No dia seguinte finalizou
o documento.
A Folha apurou que Diáulas Ribeiro, 40, colega de Magalhães e
doutor em direito penal, auxiliou
na confecção da peça.
Com base na argumentação de
Ribeiro, a promotora considerou
que o crime de sequestro só acabou quando a vítima, no caso Pedrinho, foi descoberta -o que
aconteceu em 7 de novembro,
quando foi feito o exame de DNA.
O delegado Hertz Andrade, da
Polícia Civil de Brasília, responsável pelo caso, não indiciou Vilma,
apesar de se dizer "convicto" de
que ela praticou o sequestro.
Outro lado
A Agência Folha tentou localizar ontem Vilma e o advogado
dela, Ezízio Barbosa, mas eles não
foram encontrados.
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