São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

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MORTE NA PF

Ministério ainda não definiu valor de benefício

Ministro anuncia que governo vai indenizar a família da vítima

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro Paulo de Tarso Ramos Ribeiro (Justiça) anunciou ontem que a União indenizará a família do auxiliar de cozinha Antônio Gonçalves de Abreu, que morreu em 8 de setembro após ser espancado nas dependências da Polícia Federal no Rio.
Segundo Ribeiro, a indenização independe do resultado do inquérito que apura se o crime foi cometido por policiais federais ou por outros presos -versão inicial dada para o episódio.
"O Estado tem obrigação de dar garantia de vida aos seus presos. O laudo aponta circunstâncias passíveis de tortura ou de espancamento. Não estamos antecipando nenhuma conclusão", afirmou o ministro.
Ribeiro não disse qual será o valor da indenização. O ministro afirmou que o presidente Fernando Henrique Cardoso autorizou o encaminhamento da medida provisória concedendo o benefício -cujos termos estão sendo estudados pelo ministério.
Na madrugada de 7 de setembro, Abreu, que tinha 35 anos, foi preso pela PF sob a acusação de ter se envolvido numa briga que resultou na morte do agente federal Gustavo Mayer Moreira.
Ele foi levado para a PF com Samuel Dias Cerqueira e Márcio Cerqueira Gomes, também envolvidos na briga. À tarde, deu entrada no hospital em estado de coma, morrendo no dia seguinte.
Os outros dois presos acusaram policiais federais pelo espancamento. Dois delegados e 17 agentes que estavam de plantão foram afastados pela PF.
O laudo pericial concluiu que o auxiliar de cozinha foi vítima de traumatismo craniano provocado por "instrumento contundente" e alvo de "crueldade".
Sob pressão do Ministério Público Federal e das Comissões de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa e da Câmara dos Deputados, a PF designou um delegado de fora do Rio para iniciar nova apuração do caso.
O próximo passo das investigações é ouvir os depoimentos de Cerqueira e de Gomes.
A assessoria da PF no Rio informou que fará um reconhecimento por foto na semana que vem.
O advogado da família de Abreu, Paulo Henrique Fagundes, disse que a decisão sobre a indenização é importante, mas que espera que não signifique o arquivamento das investigações.
Segundo ele, Abreu morava com a mãe, Antônia, 58, aposentada por invalidez. Ela disse que não está preocupada com o dinheiro, mas em saber quem matou seu filho. Segundo Fagundes, a família ainda não decidiu se processará o Estado pelo crime.


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