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MORTE NA PF
Ministério ainda não definiu valor de benefício
Ministro anuncia que governo vai indenizar a família da vítima
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro Paulo de Tarso Ramos Ribeiro (Justiça) anunciou
ontem que a União indenizará a
família do auxiliar de cozinha Antônio Gonçalves de Abreu, que
morreu em 8 de setembro após
ser espancado nas dependências
da Polícia Federal no Rio.
Segundo Ribeiro, a indenização
independe do resultado do inquérito que apura se o crime foi cometido por policiais federais ou
por outros presos -versão inicial
dada para o episódio.
"O Estado tem obrigação de dar
garantia de vida aos seus presos.
O laudo aponta circunstâncias
passíveis de tortura ou de espancamento. Não estamos antecipando nenhuma conclusão", afirmou o ministro.
Ribeiro não disse qual será o valor da indenização. O ministro
afirmou que o presidente Fernando Henrique Cardoso autorizou o
encaminhamento da medida provisória concedendo o benefício
-cujos termos estão sendo estudados pelo ministério.
Na madrugada de 7 de setembro, Abreu, que tinha 35 anos, foi
preso pela PF sob a acusação de
ter se envolvido numa briga que
resultou na morte do agente federal Gustavo Mayer Moreira.
Ele foi levado para a PF com Samuel Dias Cerqueira e Márcio
Cerqueira Gomes, também envolvidos na briga. À tarde, deu entrada no hospital em estado de coma, morrendo no dia seguinte.
Os outros dois presos acusaram
policiais federais pelo espancamento. Dois delegados e 17 agentes que estavam de plantão foram
afastados pela PF.
O laudo pericial concluiu que o
auxiliar de cozinha foi vítima de
traumatismo craniano provocado por "instrumento contundente" e alvo de "crueldade".
Sob pressão do Ministério Público Federal e das Comissões de
Direitos Humanos da Assembléia
Legislativa e da Câmara dos Deputados, a PF designou um delegado de fora do Rio para iniciar
nova apuração do caso.
O próximo passo das investigações é ouvir os depoimentos de
Cerqueira e de Gomes.
A assessoria da PF no Rio informou que fará um reconhecimento por foto na semana que vem.
O advogado da família de
Abreu, Paulo Henrique Fagundes, disse que a decisão sobre a indenização é importante, mas que
espera que não signifique o arquivamento das investigações.
Segundo ele, Abreu morava
com a mãe, Antônia, 58, aposentada por invalidez. Ela disse que
não está preocupada com o dinheiro, mas em saber quem matou seu filho. Segundo Fagundes,
a família ainda não decidiu se
processará o Estado pelo crime.
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