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SAÚDE
Preços baixaram e o número de cirurgias aumentou
Popularização das operações plásticas preocupa especialistas
AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
Diretores da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) estão questionando a tendência de
popularização desse tipo de procedimento. Nos últimos anos, as
"facilidades de pagamento", os
consórcios e a concorrência entre
clínicas e profissionais levaram a
uma redução de preços e a um aumento no número de cirurgias.
Na quinta-feira, uma mulher
morreu em Belo Horizonte, 24
horas depois de submeter-se a
uma cirurgia de redução de mama. Iria pagar R$ 1.400, menos da
metade do preço médio. Outro
caso de morte tinha sido registrado na semana anterior.
"As pessoas precisam saber que
a cirurgia plástica é um procedimento médico com custos e riscos", disse Oromar Moreira Filho,
presidente da regional mineira da
SBCP. Se os custos caem, os riscos
aumentam. Na opinião de alguns
diretores da sociedade, talvez seja
preciso uma campanha lembrando que a cirurgia plástica não é
para todo mundo.
Em Salvador, onde termina hoje
o 39º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica, os diretores da
SBCP não escondiam sua preocupação. Na abertura do encontro,
na quarta, o presidente da sociedade, Luiz Carlos Garcia, tinha
afirmado que a política da instituição, além de rigor com os profissionais, era a de se antecipar a
incidentes e exigir transparência.
"Quando todos os cuidados são
observados, a cirurgia plástica é
de baixo risco", diz Moreira Filho.
A própria sociedade produziu
um folheto ensinando "como escolher um cirurgião plástico".
Uma das recomendações é que
seja membro da SBCP e que seja
de sua confiança ou da confiança
de alguém que você conhece. Pelo
telefone 0/xx/11/3826-1499 e no site www.cirurgiaplastica.org.br, a
sociedade confirma se o médico
tem o título de especialista.
Em Belo Horizonte, tanto o cirurgião Adalberto Pereira da Silva, 45, como a paciente que morreu, a faxineira Maria Aparecida
de Oliveira, 42, estavam dentro
das recomendações da sociedade.
O médico é membro da SBCP,
tem 22 anos de formado, já fez
"dezenas" de cirurgias como essas e nunca teve problemas.
Maria de Oliveira, oficialmente,
havia feito todos os exames pré-operatórios e não tinha nenhuma
contra-indicação para a cirurgia.
Também conhecia pacientes
que tinham se operado com o médico. "O preço que cobrei era simbólico, porque há um ano ela desejava a cirurgia", disse Adalberto
Silva. O resultado da autópsia ainda não ficou pronto.
De acordo com o médico, a paciente reagiu "muito bem" durante a cirurgia. Passou a noite bem,
sem alterações de pressão e de
manhã sentou-se para tomar café.
"Eu já preparava a prescrição para dar a alta quando começou a
sentir falta de ar. Tentamos todos
os recursos. Não havia razão para
essa morte."
Aureliano Biancarelli viajou a convite
da SBPC
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