São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 2005

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TRÂNSITO

Aparelho apontou excesso de velocidade em carros que trafegavam dentro do limite permitido durante 11 dias

Novo erro de radar anula mais 3.452 multas

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um novo erro na aplicação de multas por radares na cidade de São Paulo foi confirmado ontem pelo governo José Serra (PSDB).
O problema, desta vez, se refere a um equipamento fotográfico que acusou, de forma indevida, excesso de velocidade em veículos que estavam dentro do limite.
A falha foi cometida durante 11 dias deste mês e em outubro no viaduto Vereador José Diniz, no sentido centro-bairro, sobre a avenida Professor Vicente Rao, na zona sul da capital paulista.
As 3.452 multas por excesso de velocidade registradas nesse local no período atingido serão canceladas pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) -inclusive as que realmente descumpriam a sinalização da via, já que a falha deixou todas em xeque.
O novo problema foi divulgado pela administração tucana um dia depois do anúncio de que um erro no ajuste dos relógios dos radares fixos na semana que antecedeu a vigência do horário de verão levou à aplicação de 9.500 multas irregulares entre os dias 9 e 14 de outubro -sendo 8.954 de rodízio e 546 por excesso de velocidade.
A falha eleva a quantidade total das multas indevidas para quase 13 mil no momento em que a gestão Serra adota um "choque de fiscalização" para cercar os infratores, com a instalação de novos aparelhos eletrônicos.
As multas de rodízio praticamente dobraram nos primeiros dez meses deste ano, chegando a 650 mil. A arrecadação da prefeitura com as autuações de trânsito deve subir mais de 50% em 2006.
A falha no radar do viaduto Vereador José Diniz ocorreu pela posição incorreta do aparelho.
No local, há uma faixa de ônibus à esquerda, onde a CET reduziu a velocidade máxima de 60 km/h para 50 km/h no mês passado devido aos atropelamentos. O limite não foi alterado nas demais faixas.
O radar foi programado para considerar a velocidade máxima de 50 km/h -mas só no corredor de ônibus. O problema é que seu posicionamento acabou estendendo os mesmos critérios de fiscalização no restante da pista, onde é permitido andar a 60 km/h.
O erro foi verificado nos dias 8, 12, 14, 17, 19, 22, 24, 27 e 29 de outubro e 1º e 3 de novembro.
A CET diz que todos os procedimentos para desconsiderar essas multas indevidas e os pontos na carteira serão tomados pelo órgão. Ou seja, os motoristas afetados não precisarão fazer nada.
Eles receberão em casa uma notificação do arquivamento do auto de infração e da penalidade.
A CET também informou ontem que ninguém chegou a pagar as multas indevidas -inclusive as do rodízio- porque só foram enviados os avisos iniciais da autuação, e não os boletos.

Radar da marginal
Um radar fixo instalado na pista expressa da marginal Pinheiros, sentido Interlagos-Castelo Branco, depois da ponte do Jaguaré, liderou a lista de multas indevidas de rodízio e velocidade aplicadas devido à falha na programação dos relógios na semana anterior à mudança do horário de verão.
No total, foi detectado esse tipo de problema nos radares fixos instalados em nove pontos da capital paulista. O da marginal Pinheiros, após a ponte do Jaguaré, concentrou sozinho 46% das 8.954 multas indevidas de rodízio e 26% das 546 de velocidade.
Isso porque ele ficou mais tempo com a falha -entre 9 a 14 de outubro-, comprometendo as multas. Os demais oito pontos operaram com os relógios incorretos durante dois dias -9 e 10.
Entre eles estão endereços nas avenidas do Bandeirantes, Indianópolis e 23 de Maio, na zona sul.
O erro no ajuste da hora levou motoristas que rodavam em uma hora permitida a receber multa -enquanto outros que burlavam a proibição passaram impunes.
Todas as infrações registradas por esses aparelhos nesse período serão desconsideradas -inclusive as de velocidade- porque as falhas no horários que foram registrados já as tornam irregulares.
A empresa Engebras, que controla os radares fixos, admitiu ter sido responsável pela falha na programação dos relógios, mas disse que também foi ela quem tomou a iniciativa de alertar a CET sobre os erros. Ela informou, pela assessoria de imprensa, que terá sua remuneração descontada.


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