São Paulo, quarta-feira, 23 de novembro de 2005

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"Sem bolsa em cursinho, não teria chance"

DA REPORTAGEM LOCAL

Gustavo Ribeiro Sanchez, 18, estuda em uma escola pública da zona sul de São Paulo. Ele se considera preparado para buscar uma vaga em história na USP. Essa confiança, porém, ocorre apenas porque conseguiu uma bolsa em um cursinho. "Sem isso, sei que não teria chances."
Gustavo relata que seus colegas de classe, na escola pública, estão desmotivados. E que seus professores afirmam que a chance de eles passarem na mais importante universidade do país é remota.
O candidato conseguiu a isenção da taxa de inscrição, de R$ 105, e disse que, sem esse benefício, teria dificuldades para prestar a Fuvest. Mesmo assim, Gustavo diz que prestaria a Fuvest de qualquer forma, pois estudar na USP é o seu projeto de vida.

 

Folha - Como você avalia a escola pública?
Gustavo Ribeiro Sanchez -
Precisa melhorar muito. Tenho alguns professores competentes, mas são poucos. No cursinho, aprendi muita coisa que não tinha nem visto na escola. A diferença é muito grande. Os meus colegas estão desmotivados, devido à má qualidade do ensino. Alguns chegam ao terceiro ano [do ensino médio] e não sabem fazer contas básicas. Além disso, muitos precisam trabalhar e nem pensam na hipótese de tentar entrar na USP.

Folha - Os professores incentivam os alunos a prestar a Fuvest?
Gustavo -
Eles estimulam bastante, dizem que a gente deve prestar. Mas deixam claro que as chances de passar são remotas.

Folha - Você considera que o vestibular deveria ser mudado? Deveria haver cotas?
Gustavo -
As cotas são meio preconceituosas, mas são justas. A universidade é pública, logo, deveria haver mais estudantes da escola pública. Mas o principal é melhorar a qualidade do ensino nos colégios, para que todos tenham condições iguais. As cotas são como uma esmola.


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