São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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Prisão-modelo não parou Beira-Mar, diz PF

Polícia diz que ele continuou a chefiar grupo mesmo preso; 11 pessoas, incluindo a mulher do traficante, foram detidas

Delegado diz que Beira-Mar continuava a comandar o grupo por meio de parentes, amigos e advogados que o visitavam nas prisões

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, é acusado pela PF (Polícia Federal) de, mesmo preso em uma penitenciária de segurança máxima do país, se manter à frente de uma organização criminosa especializada em tráfico internacional de drogas e armas, lavagem de dinheiro, contrabando e homicídios.
Onze suspeitos de integrar a quadrilha foram presos ontem no Rio, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. Um deles é Jacqueline Alcântara de Moraes, mulher de Beira-Mar.
Responsável pelas investigações, iniciadas há um ano e meio no Paraná, o delegado Wagner Mesquita disse que Beira-Mar continuava a comandar o grupo porque se valia dos parentes, amigos e advogados que o visitavam nas prisões por onde passou desde que foi preso na Colômbia, em 2001.
Esses visitantes, entre eles Jacqueline, seriam os responsáveis por transmitir as ordens de Beira-Mar. O delegado nega que, durante as investigações, ele tenha usado celulares para falar com seus comandados.
Em julho de 2006, Beira-Mar foi levado à prisão de segurança máxima em Catanduvas (PR) -apresentada pelo governo Lula como a solução para isolar presos perigosos e desarticular suas quadrilhas. No final de julho deste ano, foi transferido para outra prisão-modelo, em Campo Grande (MS).
Segundo Mesquita, a mulher de Beira-Mar assumiu o segundo posto na hierarquia do grupo após o desaparecimento do advogado João José de Vasconcelos Kolling, há seis meses, no Rio. Para o delegado, Kolling foi morto a mando de Beira-Mar.
"Jacqueline passou a ser a número 2 com o sumiço de Kolling. Antes, ela dava apoio administrativo. Depois, passou a fazer acordos com fornecedores e a conferir material."
A Folha não conseguiu localizar o advogado de Jacqueline.
A organização criminosa teria contatos em pelo menos quatro países (Paraguai, Bolívia, Colômbia e Venezuela), disse Mesquita. A entrada no país de cocaína, maconha e armas ocorria, principalmente, por Foz do Iguaçu (PR).
Desde o início das apurações, a Polícia Federal diz ter prendido 30 pessoas e apreendido 753 kg de cocaína e 3,6 toneladas de maconha, além de armas e munições.
Batizada de Operação Fênix, a ação resultou na prisão de quatro pessoas no Rio, cinco no Mato Grosso do Sul, uma em São Paulo e uma no Paraná. Entre os presos estão advogados e parentes de Beira-Mar. Filho do traficante, Felipe Alexandre da Costa, 21, foi levado à sede da PF em Campo Grande, mas, como nada havia contra ele, foi liberado.


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