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Rodízio tira menos carros em dia com mais trânsito
SP tem menos veículos com finais de placa 9 e 0, com circulação restrita às sextas
Finais de placa 5 e 6 inclusos no rodízio na quarta-feira somam 132 mil veículos a mais do que na sexta, quando lentidão bate recordes
ALENCAR IZIDORO
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Sexta-feira é dia de escapar
do trabalho e ir direto se divertir depois da semana inteira de
cansaço, de começar a viagem
do final de semana, do happy
hour com os amigos, de correr
para a sessão de cinema.
Para tanto, ninguém quer ser
impedido pelo rodízio de sair
com seu carro da garagem, mais
do que em qualquer outro dia.
Resultado: rejeitados pelos
motoristas na hora do emplacamento, os finais de placa 9 e 0
(que não podem circular às sextas) são hoje minoria na frota.
A soma deles é 6% inferior à
média e 10% menor que a dos
veículos que terminam em 5 e 6
(alvo da restrição às quartas).
Ao mesmo tempo, é na véspera do final de semana que os
congestionamentos são recordes em São Paulo. Ou seja, justamente quando a lentidão é
mais crítica, menos carros tendem a se submeter ao rodízio.
A Folha obteve a distribuição dos finais de placa dos 6
milhões de veículos da frota
paulistana até março passado.
As que acabam em 5 e 6 lideram e somam 132 mil mais do
que as com finais 9 e 0. A diferença supera a frota inteira de
Diadema (ABC) ou mais de metade da de Osasco (Grande SP).
Nem todos esses veículos estão sujeitos à restrição veicular
(entre os isentos há táxis, ônibus, motos), muitos podem não
circular no centro expandido e
há automóveis de fora que também circulam na capital.
Feitas as ressalvas, os dados
são um indicativo de como os
motoristas condicionam a obediência ao rodízio às suas conveniências -contribuindo para
limitar os efeitos da restrição.
"Os proprietários de veículos
novos recusam os finais 1 e 2 e
9 e 0 por entrarem no rodízio
de segunda e de sexta", diz nota
do Detran, acrescentando que
"sexta é um dia em que muitos
viajam no horário de rodízio ou
saem mais cedo do trabalho".
Os finais 1 e 2, impedidos de
circular no rodízio às segundas,
são a segunda menor frota
-mas a condição não é ruim
por ser um dia de trânsito mais
tranqüilo.
A principal explicação para a
piora do trânsito às sextas são
fatores comportamentais, como a saída para viajar. Mas, para alguns técnicos, a possibilidade de haver menos veículos
na restrição pode ter impacto.
"O efeito do volume de carros no trânsito é exponencial.
Num sistema próximo da saturação, qualquer pequena alteração tem efeito significativo",
diz Luís Antonio Seraphim,
consultor em engenharia de
tráfego e ex-assessor da CET.
O engenheiro Horácio Augusto Figueira considera que a
diferença não é tão representativa diante de outros aspectos,
como a evolução da frota -a
capital ganha mil novos veículos por dia. Mas admite a tendência de agravamento do desequilíbrio entre os finais de
placa, já que metade dos 6 milhões de veículos foi fabricada
até 1996, quando não existia a
restrição. "Se hoje eles estão
nesse patamar [de 18,8% da
frota], amanhã devem cair para
15%", afirma Figueira.
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