São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2008

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"Vídeo-vigilantes" patrulham infratores e expõem crimes nos EUA

Cinegrafistas amadores filmam infrações, como prostituição e policiais estacionando irregularmente em suas vizinhanças, e divulgam na internet

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

Cinegrafistas amadores com aspirações justiceiras estão conquistando popularidade nos EUA. Chamados de "vídeo-vigilantes", eles filmam crimes e irregularidades de suas vizinhanças e tentam punir os autores com a exposição em sites como o YouTube.
O movimento já tem uma celebridade, Brian Bates, autor do site JohnTV.com, no qual exibe sua caça às prostitutas de Oklahoma. Nos EUA, a prostituição é ilegal, mesmo que praticada de forma autônoma. O cinegrafista passa os dias em bairros onde a atuação é mais comum e flagra sexo à luz do dia em imóveis abandonados e carros estacionados nas ruas e nos parques públicos.
"Sou uma câmera de segurança que se move. Sirvo para envergonhá-los publicamente. Nunca pego as pessoas mais de uma vez, porque não voltam", disse à imprensa americana.
Além de filmar, Bates interfere nas cenas, surpreendendo os casais com frases como "Espero que você não seja casado", "Você vai para a cadeia" e "Você é o mal da sociedade".
Em um dos vídeos mais famosos, um motorista de caminhão de entregas é pego com uma prostituta durante o ato sexual. A câmera dispersa os dois. O rapaz sobe as calças e é interrogado pelo paparazzo.
"Você é casado, cara?"
"Sou."
"Por que você não está usando aliança?"
"Eu perdi no Iraque."
"E por que você não compra outra?"
"Não tenho dinheiro."
"Você pode pagar por uma prostituta, e não pode pagar por um anel de casamento?"
Antes do flagra, Bates chamou a polícia, que chegou minutos depois, levou o motorista para a delegacia e rebocou seu caminhão.
Há um outro "justiceiro" famoso, auto-intitulado Jimmy Justice, dedicado a flagrar funcionários públicos, especialmente policiais, estacionando o carro oficial irregularmente.
"Todos os motoristas cometem erros, mas a polícia não aceita desculpas, e lá se vão US$ 100 de multa. Por isso flagro os policiais", disse à Folha, sem revelar seu nome verdadeiro.
"Não tenho medo de tomar tiro porque a mídia está do meu lado, mas não quero oficiais me seguindo até a minha casa para me intimidar. Orgulho-me do que faço porque incentivo as pessoas a pegarem suas câmeras e serem vigilantes da sociedade", diz Jimmy, que trabalha como músico.
Advogados, contudo, já o advertiram: mesmo que bancar o paparazzo, por si só, não seja um problema, ele poderia ser preso por desacato a autoridades, já que costuma se aproximar e fazer questionamentos, incomodando os infratores.


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