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"Vídeo-vigilantes" patrulham infratores e expõem crimes nos EUA
Cinegrafistas amadores filmam infrações, como prostituição e policiais estacionando irregularmente em suas vizinhanças, e divulgam na internet
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
Cinegrafistas amadores com
aspirações justiceiras estão
conquistando popularidade
nos EUA. Chamados de "vídeo-vigilantes", eles filmam crimes
e irregularidades de suas vizinhanças e tentam punir os autores com a exposição em sites
como o YouTube.
O movimento já tem uma celebridade, Brian Bates, autor do
site JohnTV.com, no qual exibe
sua caça às prostitutas de Oklahoma. Nos EUA, a prostituição
é ilegal, mesmo que praticada
de forma autônoma. O cinegrafista passa os dias em bairros
onde a atuação é mais comum e
flagra sexo à luz do dia em imóveis abandonados e carros estacionados nas ruas e nos parques públicos.
"Sou uma câmera de segurança que se move. Sirvo para
envergonhá-los publicamente.
Nunca pego as pessoas mais de
uma vez, porque não voltam",
disse à imprensa americana.
Além de filmar, Bates interfere nas cenas, surpreendendo
os casais com frases como "Espero que você não seja casado",
"Você vai para a cadeia" e "Você
é o mal da sociedade".
Em um dos vídeos mais famosos, um motorista de caminhão de entregas é pego com
uma prostituta durante o ato
sexual. A câmera dispersa os
dois. O rapaz sobe as calças e é
interrogado pelo paparazzo.
"Você é casado, cara?"
"Sou."
"Por que você não está usando aliança?"
"Eu perdi no Iraque."
"E por que você não compra
outra?"
"Não tenho dinheiro."
"Você pode pagar por uma
prostituta, e não pode pagar
por um anel de casamento?"
Antes do flagra, Bates chamou a polícia, que chegou minutos depois, levou o motorista
para a delegacia e rebocou seu
caminhão.
Há um outro "justiceiro" famoso, auto-intitulado Jimmy
Justice, dedicado a flagrar funcionários públicos, especialmente policiais, estacionando o
carro oficial irregularmente.
"Todos os motoristas cometem erros, mas a polícia não
aceita desculpas, e lá se vão US$
100 de multa. Por isso flagro os
policiais", disse à Folha, sem
revelar seu nome verdadeiro.
"Não tenho medo de tomar
tiro porque a mídia está do
meu lado, mas não quero oficiais me seguindo até a minha
casa para me intimidar. Orgulho-me do que faço porque incentivo as pessoas a pegarem
suas câmeras e serem vigilantes da sociedade", diz Jimmy,
que trabalha como músico.
Advogados, contudo, já o advertiram: mesmo que bancar o
paparazzo, por si só, não seja
um problema, ele poderia ser
preso por desacato a autoridades, já que costuma se aproximar e fazer questionamentos,
incomodando os infratores.
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