São Paulo, domingo, 23 de novembro de 1997.



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Dona-de-casa faz 'pacto de convivência'

da Revista da Folha

Do ponto de vista legal, não há o que fazer. "Usar roupa de mulher não é crime. Prostituição também não. Eles têm o direito de ir e vir como qualquer cidadão", diz o delegado Naief Saad Neto, do 27º DP, no Campo Belo (zona sudoeste).
Saad Neto lembra do final pacífico de um caso há três anos, no Itaim Bibi (região sudoeste).
Uma dona-de-casa enfrentava o mesmo problema dos moradores do Planalto Paulista: a frente de sua casa era ponto de travestis. Na madrugada, quando a polícia passava, eles pulavam o muro de sua casa e se escondiam no jardim. Também usavam o local como banheiro.
Não adiantava chamar a polícia, porque eles eram soltos no dia seguinte.
Cansada, fez um trato com os travestis, estabelecendo regras de convivência. Ela deixaria o portão aberto para os travestis usarem um banheiro de serviço e tomarem água, mas, em compensação, eles não usariam mais seu jardim como esconderijo e, nos dias de festa ou de visitas, não ficariam na frente de sua casa.
Com experiência de 15 anos na área, o delegado Saad Neto diz: "É preciso aprender a conviver. Os travestis só passam a agredir quando são agredidos pela comunidade. Não adianta expulsá-los da frente de sua casa, porque eles vão para a frente da casa do outro."



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