São Paulo, sábado, 23 de dezembro de 2006

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Lula cede 8 aviões da FAB para a TAM

Medida foi tomada, segundo o governo, após ser verificada a incapacidade da companhia aérea de embarcar passageiros

Empresa diz que irá utilizar sete aeronaves, entre elas 3 Boeings; Anac suspendeu venda de passagens pela companhia até domingo

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No dia em que praticamente metade de todos os vôos do país atrasaram e o caos voltou a imperar nos principais aeroportos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou a Força Aérea Brasileira (FAB) ceder oito aviões -com total de 472 assentos- para fretar vôos da TAM, apontada como a responsável pela nova crise no setor.
A medida foi anunciada no final da tarde de ontem, quando os passageiros voltaram a protestar por conta dos atrasos e lotação dos aeroportos. Em Cumbica, a polícia teve de ser acionada para conter tumultos.
Segundo o governo, o uso de aviões da FAB foi necessário mediante a incapacidade constatada da empresa de embarcar seus passageiros e aliviar a crise nos aeroportos, que atingiu recordes de atrasos nesta semana. A Nova Varig, Ocean Air e Total Linhas Aéreas também disponibilizaram aviões.
À noite, a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que a situação será normalizada nos aeroportos durante a madrugada e no decorrer do dia de hoje.
Porém oficiais da Aeronáutica e executivos da Infraero tinham a expectativa de que complicações ocorram ainda hoje e nos dias 29 e 30 deste mês, às vésperas do Réveillon.
O governo avalia que 75% dos problemas da TAM haviam sido sanados durante o dia de ontem, que começou com a suspensão da venda de passagens até domingo. De seus 600 vôos, 88 atrasaram mais de duas horas. Às 21h30, 22 rotas ainda apresentavam problemas.
A TAM confirmou que irá utilizar sete aviões da FAB, "mediante o devido pagamento". Em nota, disse que a iniciativa irá "amenizar o desconforto dos passageiros", mas não deu esclarecimentos sobre as falhas de planejamento e de venda de passagens que foram apontadas pela ANAC.
Na quinta-feira, em entrevista na sede da ANAC, o presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, afirmou que os seis Airbus retirados de operação para manutenção já tinham voltado às rotas e que haveria apenas um efeito dominó para "reajustar" os atrasos e cancelamentos de dois dias.
O governo admitiu que o Cindacta-2, centro de controle aéreo em Curitiba que cuida do Sul e parte de São Paulo, enfrentou falta de controladores.
Não houve explicação detalhada sobre as irregularidades da TAM ou a suposta falta de aeronaves. Fiscais da Anac verificaram reservas, vendas de passagens e também o planejamento das rotas. A frota regular é de 95 aviões, 85 deles em rotas domésticas. A empresa é responsável por cerca de 50% do mercado nacional.
Os oito aviões disponibilizados pela FAB têm configurações diferentes. Os 737 tem 40 assentos cada e um deles é conhecido como o "sucatinha", avião reserva da presidência. Os 707 têm 140 e 72 assentos -este último é o antigo "sucatão" e tem uma cabine presidencial na frente. Os quatro C-99 são aviões E-145, da Embraer, com 45 poltronas cada.
A TAM anunciou o fretamento de um Boeing 737 para fazer a rota Brasília-Confins (Belo Horizonte). Os dois Boeings 707 farão três rotas: Galeão (Rio)-Confins-Salvador-Maceió, Galeão-Brasília e Galeão-Guarulhos (São Paulo). Os quatro E-145 farão o trajeto entre o Galeão e Brasília.


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