São Paulo, sábado, 23 de dezembro de 2006

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Gabriel fica, de novo, sem transplante

Na segunda data marcada, menino que tem doença grave vai a hospital em São Paulo, mas não consegue fígado novo

Há 16 dias, órgão que seria transportado de avião e beneficiaria criança ficou retido em terra em razão da crise no tráfego aéreo

LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Ainda não foi desta vez. Marcado pela segunda vez, o transplante de fígado do menino Gabriel Barbosa Machado, de 1 ano e 2 meses, portador de uma doença hepática grave chamada "atresia de vias biliares" acabou não acontecendo.
Há 16 dias, o menino estava pronto para receber um fígado novo, mas o órgão a ser transplantado, que viajaria de avião, de São José dos Campos (a 91 km de São Paulo) para a capital paulista, ficou retido em terra pela operação-padrão dos controladores de vôo.
"Esperava ver ele curado, brincando como as outras crianças, comendo direito, com a cor normal do olho", disse a mãe de Gabriel, Joseane, 16, logo depois do cancelamento da cirurgia. Por causa da atresia das vias biliares, Gabriel tem os olhos amarelecidos.
A jovem nem quis se preparar para os festejos de Natal, angustiada com a saúde do filho e distante dos familiares que moram na Bahia, quando recebeu, anteontem na hora do almoço, o aviso de que deveria levar Gabriel para o Hospital do Câncer A.C. Camargo, na Liberdade, região central de São Paulo. Um fígado havia aparecido e o transplante estava previsto para ter início às 22h.
O órgão seria extraído de um indivíduo que sofrera morte cerebral no Hospital das Clínicas e deveria ser dividido entre dois receptores, um adulto e Gabriel. O fígado pode ser dividido graças ao seu alto poder regenerador de suas células.
Segundo a responsável pela equipe de transplante hepático do Hospital do Câncer, a médica Gilda Porta, "no caso deste enxerto não foi possível realizar a divisão porque a porção que seria implantada no menino Gabriel não reunia condições para uma utilização segura, devido ao pequeno calibre da artéria hepática esquerda".
Por causa da incompatibilidade, o fígado foi implantado inteiro em um receptor adulto. O menino de 1 ano e 2 meses passou apenas por exames e teve alta na manhã de ontem.
Ele foi encaminhado para uma casa de apoio, onde aguarda, na companhia da mãe, uma outra oportunidade.
Segundo médicos que o atendem, Gabriel precisa passar pelo transplante em no máximo três meses. Um total de 3.900 pacientes estão na fila de transplante de fígado em São Paulo.


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