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Gabriel fica, de novo, sem transplante
Na segunda data marcada, menino que tem doença grave vai a hospital em São Paulo, mas não consegue fígado novo
Há 16 dias, órgão que seria
transportado de avião e
beneficiaria criança ficou retido em terra em razão
da crise no tráfego aéreo
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Ainda não foi desta vez. Marcado pela segunda vez, o transplante de fígado do menino Gabriel Barbosa Machado, de 1
ano e 2 meses, portador de uma
doença hepática grave chamada "atresia de vias biliares" acabou não acontecendo.
Há 16 dias, o menino estava
pronto para receber um fígado
novo, mas o órgão a ser transplantado, que viajaria de avião,
de São José dos Campos (a 91
km de São Paulo) para a capital
paulista, ficou retido em terra
pela operação-padrão dos controladores de vôo.
"Esperava ver ele curado,
brincando como as outras
crianças, comendo direito, com
a cor normal do olho", disse a
mãe de Gabriel, Joseane, 16, logo depois do cancelamento da
cirurgia. Por causa da atresia
das vias biliares, Gabriel tem os
olhos amarelecidos.
A jovem nem quis se preparar para os festejos de Natal,
angustiada com a saúde do filho
e distante dos familiares que
moram na Bahia, quando recebeu, anteontem na hora do almoço, o aviso de que deveria levar Gabriel para o Hospital do
Câncer A.C. Camargo, na Liberdade, região central de São
Paulo. Um fígado havia aparecido e o transplante estava previsto para ter início às 22h.
O órgão seria extraído de um
indivíduo que sofrera morte cerebral no Hospital das Clínicas
e deveria ser dividido entre dois
receptores, um adulto e Gabriel. O fígado pode ser dividido
graças ao seu alto poder regenerador de suas células.
Segundo a responsável pela
equipe de transplante hepático
do Hospital do Câncer, a médica Gilda Porta, "no caso deste
enxerto não foi possível realizar a divisão porque a porção
que seria implantada no menino Gabriel não reunia condições para uma utilização segura, devido ao pequeno calibre
da artéria hepática esquerda".
Por causa da incompatibilidade, o fígado foi implantado
inteiro em um receptor adulto.
O menino de 1 ano e 2 meses
passou apenas por exames e teve alta na manhã de ontem.
Ele foi encaminhado para
uma casa de apoio, onde aguarda, na companhia da mãe, uma
outra oportunidade.
Segundo médicos que o atendem, Gabriel precisa passar pelo transplante em no máximo
três meses. Um total de 3.900
pacientes estão na fila de transplante de fígado em São Paulo.
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