São Paulo, quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

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Vivo cobra do Masp devolução de R$ 13 milhões na Justiça

O montante é referente a gastos que a operadora teve ao comprar prédio ao lado do museu, onde ergueria uma torre

O patrimônio histórico da Prefeitura de São Paulo, no entanto, cancelou o projeto, mas o Masp não devolveu o dinheiro à operadora

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A operadora de celular Vivo decidiu cobrar R$ 13 milhões do Masp na Justiça. O valor refere-se aos gastos que a empresa teve ao comprar o prédio ao lado do museu, sobre o qual seria erguida uma torre de 110 metros, equivalente à altura de um prédio de 30 andares, que teria o nome de Masp Vivo.
Em outubro de 2005, o patrimônio histórico da prefeitura vetou o projeto, mas o museu não devolveu o dinheiro, segundo a ação judicial distribuída em julho do ano passado para a 20ª Vara Cível. Foi marcada para o próximo dia 12 uma audiência de conciliação.
Segundo Marcelo Alonso, diretor de comunicação da Vivo, não há indisposição da empresa contra o Masp ou a atual diretoria. "Queremos ser ressarcidos porque houve um rompimento de contrato", afirma.
O Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico) vetou a torre por considerar que ela interferiria num bem tombado, o prédio projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992).
Após o veto, o presidente do Masp, o arquiteto Julio Neves, apresentou um novo projeto para o edifício de sete andares, sem a torre, que foi aprovado no ano passado.
Neves apresentava a torre como a salvação financeira do Masp. Entre 2005 e 2006, o museu passou por uma séria crise financeira, a ponto de a Eletropaulo ter cortado seu fornecimento de luz por falta de pagamento.
Em agosto do ano passado, Julio Neves apresentou numa reunião com o procurador-geral de Justiça do Estado, Rodrigo Pinho, o prédio da Vivo como uma das soluções para o Masp, segundo a promotora Mariza Tucunduva, que participou do encontro e que investiga a situação do museu.
"O Julio Neves sabia que essa solução não era factível, porque a Vivo estava cobrando a devolução do dinheiro. A impressão é que ele tentou mostrar que a situação do museu não era tão precária", diz a promotora.
Com a ação da Vivo, as dívidas do Masp podem alcançar R$ 27 milhões. O museu deve R$ 9 milhões para fornecedores, segundo a versão do próprio Masp, e R$ 4 milhões para o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social).

Outro lado
Paulo Alves, assessor de imprensa do Masp, diz que o museu vai propor a exploração da marca Vivo no edifício a ser reformado. A Vivo diz que não recebeu proposta alguma do museu. Segundo Alves, a empresa foi à Justiça para dar satisfação a seus acionistas, mas o clima entre o museu e a operadora não é de animosidade.
De acordo com Alves, a situação financeira não é "tão preocupante". Ele diz que o museu não teve prejuízo em 2007 -a primeira vez em 60 anos. No ano passado, ainda segundo ele, o museu recebeu uma das maiores visitações da história: 623 mil pessoas, sendo mais de 200 mil pagantes.
O Masp alega que os R$ 13 milhões não podem ser contabilizados como dívida porque há uma negociação em curso com a Vivo. O museu também exclui da conta da dívida os R$ 4 milhões cobrados pelo INSS por considerar que a questão está em debate na Justiça. O Masp contesta a cobrança da contribuição patronal por não ter fins lucrativos.


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