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Vivo cobra do Masp devolução de R$ 13 milhões na Justiça
O montante é referente a gastos que a operadora teve ao comprar prédio ao lado do museu, onde ergueria uma torre
O patrimônio histórico da Prefeitura de São Paulo, no
entanto, cancelou o projeto, mas o Masp não devolveu o
dinheiro à operadora
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A operadora de celular Vivo
decidiu cobrar R$ 13 milhões
do Masp na Justiça. O valor refere-se aos gastos que a empresa teve ao comprar o prédio ao
lado do museu, sobre o qual seria erguida uma torre de 110
metros, equivalente à altura de
um prédio de 30 andares, que
teria o nome de Masp Vivo.
Em outubro de 2005, o patrimônio histórico da prefeitura
vetou o projeto, mas o museu
não devolveu o dinheiro, segundo a ação judicial distribuída em julho do ano passado para a 20ª Vara Cível. Foi marcada para o próximo dia 12 uma
audiência de conciliação.
Segundo Marcelo Alonso, diretor de comunicação da Vivo,
não há indisposição da empresa contra o Masp ou a atual diretoria. "Queremos ser ressarcidos porque houve um rompimento de contrato", afirma.
O Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico) vetou a
torre por considerar que ela interferiria num bem tombado, o
prédio projetado pela arquiteta
Lina Bo Bardi (1914-1992).
Após o veto, o presidente do
Masp, o arquiteto Julio Neves,
apresentou um novo projeto
para o edifício de sete andares,
sem a torre, que foi aprovado
no ano passado.
Neves apresentava a torre
como a salvação financeira do
Masp. Entre 2005 e 2006, o
museu passou por uma séria
crise financeira, a ponto de a
Eletropaulo ter cortado seu
fornecimento de luz por falta
de pagamento.
Em agosto do ano passado,
Julio Neves apresentou numa
reunião com o procurador-geral de Justiça do Estado, Rodrigo Pinho, o prédio da Vivo como uma das soluções para o
Masp, segundo a promotora
Mariza Tucunduva, que participou do encontro e que investiga a situação do museu.
"O Julio Neves sabia que essa
solução não era factível, porque
a Vivo estava cobrando a devolução do dinheiro. A impressão
é que ele tentou mostrar que a
situação do museu não era tão
precária", diz a promotora.
Com a ação da Vivo, as dívidas do Masp podem alcançar
R$ 27 milhões. O museu deve
R$ 9 milhões para fornecedores, segundo a versão do próprio Masp, e R$ 4 milhões para
o INSS (Instituto Nacional de
Seguridade Social).
Outro lado
Paulo Alves, assessor de imprensa do Masp, diz que o museu vai propor a exploração da
marca Vivo no edifício a ser reformado. A Vivo diz que não recebeu proposta alguma do museu. Segundo Alves, a empresa
foi à Justiça para dar satisfação
a seus acionistas, mas o clima
entre o museu e a operadora
não é de animosidade.
De acordo com Alves, a situação financeira não é "tão preocupante". Ele diz que o museu
não teve prejuízo em 2007 -a
primeira vez em 60 anos. No
ano passado, ainda segundo ele,
o museu recebeu uma das
maiores visitações da história:
623 mil pessoas, sendo mais de
200 mil pagantes.
O Masp alega que os R$ 13
milhões não podem ser contabilizados como dívida porque
há uma negociação em curso
com a Vivo. O museu também
exclui da conta da dívida os R$
4 milhões cobrados pelo INSS
por considerar que a questão
está em debate na Justiça. O
Masp contesta a cobrança da
contribuição patronal por não
ter fins lucrativos.
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