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Delegado ameaçado de demissão diz que secretário o persegue
Policial, que é filho de Sérgio Paranhos Fleury -diretor do Dops na ditadura militar-, afirma ter sofrido "tortura psicológica"
Paulo Fleury foi à sede da Segurança Pública, com câmera escondida, para gravar um delegado que viu conversa dele com o secretário
DA REPORTAGEM LOCAL
Prestes a ser demitido da polícia, o delegado Paulo Sérgio
Óppido Fleury (filho de Sérgio
Paranhos Fleury, diretor do
Dops -Departamento de Ordem Política e Social-, morto
em 1979) tenta reagir contra o
que chama de "perseguição e
tortura psicológica" por parte
do secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto.
Na última semana, Paulo
Fleury protocolou pedidos de
providências na Procuradoria
Geral de Justiça e no Palácio
dos Bandeirantes, sede do governo, contra o secretário.
Nos documentos, ele o acusa
de assédio moral, "tortura psicológica" e também pede que o
secretário seja afastado.
Paulo Fleury, que está há 33
anos na polícia, afirma que Ferreira Pinto mantém uma campanha para demiti-lo da corporação. Com os pedidos, ele tenta ganhar tempo para conseguir a aposentadoria antes.
A base das representações de
Paulo Fleury é um encontro
ocorrido com o secretário em
abril do ano passado e no qual
ele diz ter sofrido intimidação.
Nesse encontro, segundo a
versão do delegado, Ferreira
Pinto teria caminhado em sua
direção e dito "não passa vontade". O delegado afirmou à Folha não saber o motivo de o secretário ter dito isso a ele.
Dentro da polícia, a versão
para a frase foi uma reação ao
fato de que Paulo Fleury teria
espalhado que precisava ser feito algo contra Ferreira Pinto.
Um oficial da PM e o delegado Marco Antônio Ribeiro de
Campos estavam no gabinete
do secretário quando aconteceu o encontro.
Dias depois, Fleury voltou à
sede da secretaria e, com uma
câmera escondida em uma gravata, gravou uma conversa com
o delegado Campos na qual
tentou confirmar que havia sido destratado pelo secretário.
O ex-perito do IC (Instituto
de Criminalística) Onias Tavares de Aguiar, acusado pelo sumiço de 50 laptops que estavam à espera de perícia em
2005, foi contratado por Paulo
Fleury para produzir um laudo
sobre a gravação com o delegado Campos e que foi juntado
nas representações.
No rol de testemunhas das
representações contra Ferreira
Pinto, Paulo Fleury citou os nomes, entre outros, dos também
delegados Ruy Ferraz Fontes e
Alberto Pereira Mateus Júnior,
que eram do Deic, já tiveram
prestígio na polícia paulista e
hoje estão em cargos de menor
relevância. À Folha, Fleury disse que tanto Fontes quanto
Mateus Júnior sofrem o mesmo tipo de pressão que ele por
parte de Ferreira Pinto.
As principais investigações
contra o delegado Paulo Fleury
na polícia começaram antes de
Ferreira Pinto assumir a pasta,
em março de 2009.
Quando estava na Delegacia
de Turismo, Fleury foi acusado
de apreender câmeras de vídeo
que haviam sido furtadas e não
registrar o encontro; já na Delegacia Antipirataria, o delegado presenteou escrivãs de uma
juíza com bolsas falsificadas da
marca francesa Louis Vuitton e
mantinha uma empresa particular que cobrava para combater pirataria.
Procurado, Ferreira Pinto
não quis se manifestar. A presidente da Associação dos Delegados de SP, Marilda Aparecida
Pansonato Pinheiro, que assumiu o posto no dia 11, estava em
viagem e não foi localizada para falar sobre as ações da Corregedoria contra delegados no
Estado.
(ANDRÉ CARAMANTE)
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