São Paulo, terça-feira, 24 de fevereiro de 2004

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Mangueira deixa avenida como favorita

Escola foi o destaque no 1º dia de desfiles no Rio; Joãosinho Trinta radicalizou ao cobrir carros alegóricos com a inscrição censurado

DA SUCURSAL DO RIO

A Mangueira fez o melhor desfile da primeira noite de apresentação das escolas do Grupo Especial do Carnaval do Rio. Com o enredo "A Mangueira Redescobre a Estrada Real... E Deste Eldorado Faz o Seu Carnaval", a verde-e-rosa falou sobre o caminho do ouro entre Minas e o Rio, no Brasil Colônia, e deixou o sambódromo sob gritos de "é campeã" do público na praça da Apoteose.
No campo da polêmica, o protagonista da noite de domingo para ontem foi mais uma vez o carnavalesco Joãosinho Trinta, da Grande Rio. O Juizado da Infância e da Juventude determinou mudanças em três carros da escola, que tinha como enredo a camisinha. Além de pôr faixas com a inscrição "censurado", Joãosinho radicalizou num dos carros, que trazia posições sexuais do "Kama Sutra" e desfilou inteiramente coberto com plástico preto.
"A censura talvez tenha ajudado a divulgar melhor a nossa mensagem [sobre a sexualidade e a prevenção da Aids]", disse ele.
A Unidos da Tijuca, terceira a desfilar, emocionou com um enredo sobre a ciência. Uma das alegorias era uma pirâmide humana, com 127 homens que coreografaram a espiral do DNA. Outro carro trouxe um grupo de Frankensteins. A comissão de frente foi formada por baianas robotizadas.
Outra comissão de frente que fez jus à tradição foi a da Mangueira, que trouxe personagens históricos à avenida, entre os quais Tiradentes, Xica da Silva e Tancredo Neves, numa quadrilha coreografada pelo dançarino Carlinhos de Jesus.
O prefeito do Rio, Cesar Maia, que acompanhou todo o desfile na pista, protestou contra as mudanças nos carros da Grande Rio. "O tempo da censura prévia no Brasil já deveria ter passado há muito tempo." Maia disse ter sido consultado pela direção da escola sobre o assunto: "Falei a eles que não deveriam encobrir nada".
Também desfilaram na noite de domingo para segunda-feira o Salgueiro e a Portela. Para evitar a correria de 2003, que prejudicou a escola, o Salgueiro reduziu de 5.000 para 3.800 o número de componentes. Com um desfile futurista, ao gosto do carnavalesco Renato Lage, a vermelho-e-branco da Tijuca contou a história do álcool, começando com a origem da cana na Índia.
O destaque da escola foi a comissão de frente, aplaudida até a dispersão. Quinze bailarinos vestidos de marajás indianos evoluíam até formar um elefante. Mas o samba difícil não pegou na avenida e nem os integrantes da escola cantaram com muita força.
Com o bis do enredo "Lendas e Mistérios da Amazônia", que em 1970 lhe deu o campeonato, a Portela encerrou o primeiro dia do desfile do Grupo Especial. A azul-e-branco de Madureira (zona norte do Rio) veio com alas pequenas e com fantasias bastante coloridas. A tradicional águia do abre-alas teve tons dourados e emitia guinchos.


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