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Preso em Sergipe suposto chefe do tráfico da Mangueira
Um dos autores do samba-enredo da escola de samba, Francisco Testas
Monteiro, o Tuchinha, estava foragido e foi localizado com a mulher e uma filha
Prisão ocorreu em operação
da Polícia Civil do Rio e da PF
de Sergipe; há suspeita de
aliança entre Tuchinha e
Fernandinho Beira-Mar
DA SUCURSAL DO RIO
Apontado pela polícia do Rio
como chefe do tráfico no Morro
da Mangueira, Francisco Testas Monteiro, o Tuchinha, foi
preso ontem em Aracaju. Um
dos compositores do samba-enredo da Mangueira deste
ano, ele estava foragido e se encontrava há cerca de dois meses no Nordeste.
A prisão foi feita pelo chefe
da Delegacia Anti-Seqüestro do
Rio de Janeiro, Fernando Moraes, e pela Polícia Federal. Ele
estava em companhia da mulher e de uma filha, quando foi
localizado numa casa com piscina na capital de Sergipe.
Entre os motivos de sua prisão, está a suspeita de aliança
com o traficante Fernandinho
Beira-Mar. De acordo com a
polícia, o Morro da Mangueira
se transformou no principal
entreposto de Beira-Mar para a
distribuição de maconha e de
cocaína provenientes do Paraguai e Colômbia.
No final da tarde de ontem,
ele desembarcou no Rio e foi levado para a sede da PF. Dez carros da polícia formaram um
comboio para cruzar a cidade
com o traficante de 43 anos.
Tuchinha esteve preso no
Rio por 17 anos por dois homicídios e foi posto em liberdade
condicional em março de 2006.
Chegou a se empregar como
vendedor em uma loja de tintas, após ser solto. Reapareceu
no noticiário, inicialmente, como co-autor de sambas-enredo. Foi também co-autor, com
o nome artístico Francisco do
Pagode, do samba de outra escola do Grupo Especial, a Porto
da Pedra, em 2007.
Escutas telefônicas feitas pelas polícias Civil e Federal revelaram a influência do traficante
na escola de samba Estação Primeira de Mangueira, cuja quadra, segundo a investigação policial, teria sido usada para a
venda de drogas.
Em janeiro, a polícia descobriu uma passagem secreta na
escola que dava acesso ao morro, a partir de um camarote,
que seria usada como rota de
fuga para o traficante. O então
presidente da Mangueira, Percival Pires, e o diretor da bateria, Ivo Meirelles, foram afastados da escola. A direção da escola de samba nega qualquer
vínculo com o tráfico.
O advogado Alexandre Dumans, que defendeu Tuchinha
até sua soltura, em 2006, qualificou a prisão de covardia. Disse
que depois que seu ex-cliente
ganhou fama como Francisco
do Pagode, compositor de samba, uma trama teria sido engendrada contra ele.
""Uma crueldade, uma coisa
nojenta. Estou absolutamente
convencido de que ele não é
traficante. Pode ter relacionamento com traficantes, porque
vive no morro, mas não é dono
de boca de fumo. Fosse ele um
ator global, o tratamento seria
outro, mas é negro e favelado",
afirmou Dumans.
Dumans é professor de direito da Universidade Candido
Mendes e ex-professor da Universidade do Estado do Rio. Segundo ele, Tuchinha estava regularmente solto depois de
cumprir 17 anos de prisão.
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