São Paulo, Quarta-feira, 24 de Fevereiro de 1999
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MÁFIA DOS FISCAIS
Segundo acusações, comerciante e camelô recolheriam dinheiro de propina para repassar a vereador
Justiça manda prender líderes de extorsão

SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local

Dois dos homens citados como líderes do esquema de extorsão a ambulantes e comerciantes na área da Administração Regional da Sé tiveram prisão temporária decretada na madrugada de ontem. A prisão vale por cinco dias e pode ser renovada.
Um deles, Gilberto Monteiro da Silva, 36, foi preso às 16h50, quando assistia aos trabalhos dos vereadores no plenário da Câmara Municipal. Silva é presidente da Associação dos Camelôs Independentes do Estado de São Paulo e é apontado como coordenador da rede de corrupção no viaduto Santa Ifigênia (leia texto abaixo).
O outro, Whebe Da Walib, conhecido como Jô, estava sendo procurado até as 19h de ontem.
Jô é presidente da Associação dos Comerciantes do Brás (região central de São Paulo).
Segundo o desempregado Daniel Ferreira de Farias, 24, que trabalhou como office-boy da entidade até outubro passado, ele comandava o recolhimento de propina junto a comerciantes da região do largo da Concórdia, alegando que o dinheiro seria usado para a retirada dos camelôs da área.
Farias disse que a coleta era feita toda a sexta-feira por uma funcionária da associação conhecida como Sandra. Ele admitiu que chegou a recolher o dinheiro três semanas em que Sandra não pôde fazê-lo e afirmou que o montante chegava a R$ 100 mil.
Em depoimento, Farias declarou ainda ter presenciado a entrega do dinheiro a Jô. Segundo ele, "todos sabiam" que Jô repassaria a arrecadação à campanha do vereador e deputado estadual eleito Hanna Garib (PPB).
O mesmo destino da propina foi denunciado por outros ambulantes do largo da Concórdia. Três deles -Farias, Afonso José da Silva, 29, e Ana Maria Gasque da Silva, 58- sofreram ameaças ou supostos atentados nos últimos dias.
Em nota oficial, o advogado de Jô, Luiz Flávio Borges D'Urso, disse que seu cliente não tem nenhuma relação com o esquema de corrupção ou com os atentados contra os denunciantes.
O vereador Hanna Garib já negou inúmeras vezes as acusações. Ele foi procurado ontem pela reportagem em seu telefone celular, na sua casa e na Câmara Municipal, mas não foi encontrado. Segundo informações do Legislativo, ele está em licença médica.


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