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"Queria pelo menos o pó", diz mãe
do enviado especial a Maceió
"Eu queria pelo menos encontrar
o pó, o pó dos ossos do meu filho."
A frase dramática consta da capa
do relatório da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores de Maceió sobre os desaparecidos. É de autoria de Benedita
Pereira dos Santos, moradora da
periferia da capital alagoana.
O filho de Benedita sumiu no Dia
das Mães de 1996. Era eletricista.
Foi levado por desconhecidos
quando bebia em um bar na localidade de Santa Lúcia.
"Sou mãe de 13 filhos, mas aquele está faltando sempre na minha
casa", disse Benedita na audiência
pública com parentes de desaparecidos convocada pela Comissão de
Direitos Humanos.
Benedita Maria dos Santos teve o
marido assassinado e um cunhado
desaparecido. Ao ver na televisão
esqueletos sendo desenterrados
perto de Maceió, decidiu procurar
o IML (Instituto Médico Legal).
"Não temos condições de fazer
por nossa conta os exames de
DNA. Pedimos ao governo que assuma as despesas dos exames. Minha família ficou praticamente
destruída", afirmou ela.
Ex-coordenador do Fórum Permanente Contra a Violência em
Alagoas e membro do Conselho
Estadual dos Direitos Humanos, o
advogado Pedro Montenegro diz
que os responsáveis pelos desaparecimentos no Estado agem conforme um mesmo ritual.
"Eles sequestram, barbarizam e
enterram, sempre nas mesmas
áreas. E na maior impunidade",
disse Montenegro.
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