São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 2006

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DE VOLTA AO PASSADO

Problemas na licitação e contestação do Ministério Público atrasaram recuperação de prédio, de 1922

Após 8 anos, Correios reabrem sua 1ª agência

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Fachada do edifício dos Correios, no vale do Anhangabaú, que passa por reforma e restauro


RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após duas paralisações, a reforma do edifício-sede dos Correios, no vale do Anhangabaú (centro), a primeira agência da empresa em São Paulo, será parcialmente concluída em 25 de julho.
Fechado desde 1998, o prédio, projetado por Ramos de Azevedo (1851-1928), tornará a abrigar a agência central dos Correios, além de um centro cultural com restaurante.
A obra vai recuperar um dos cartões-postais da cidade, construído em estilo neoclássico entre 1918 e 1922. O trabalho começou em novembro de 2004 e custará, ao final, R$ 16 milhões. É a primeira fase da reforma do edifício, a partir do qual é possível avistar, entre outros, os edifícios Martinelli e Banespa, a sede da prefeitura.
Segundo o engenheiro Alberto Carlos Cabral, dos Correios, coordenador da obra, a etapa inicial contempla três pisos: no subsolo ficará o estacionamento. O atendimento ao público e a triagem, hoje na rua Líbero Badaró (centro), ficarão no térreo. O mezanino terá um centro cultural, com espaço para filatelia e restaurante. As obras recompõem elementos históricos ao mesmo tempo em que modernizam o edifício, que é tombado. O restauro, por exemplo, recuperou três grandes arcos em estilo greco-romano do mezanino, concretados em uma reforma nos anos 50. A marquise, com ferrugem, será restaurada.
No lado de dentro, o processo de restauro encontrou a cor original de algumas paredes. Em uma delas, no mezanino, dez camadas foram raspadas até chegar ao tom adotado em 1922 -ocre.
Entre as inovações do prédio está a implantação de duas escadas rolantes, além de um grande vão livre na parte central do prédio, iluminado com luz natural graças a uma clarabóia. O piso do mezanino é de granito. "O que vai ser preservado são as colunas, as peças de época. O projeto arquitetônico preserva uma área e, na outra, ele moderniza", diz Cabral.
Para a segunda fase da reforma, sem previsão de início, a estatal busca parceiros. O projeto prevê a reforma do exterior do edifício e do primeiro, segundo e terceiro andares, mais a construção de teatro e duas salas de cinema.

Imbróglio
A liberação para a obra prosseguir ocorreu porque o DPH (Departamento de Patrimônio Histórico), órgão da prefeitura, aprovou, neste mês, o projeto de reforma e restauração do prédio. Foi o Ministério Público Federal que exigiu, em 2005, essa análise -as obras ficaram paradas entre junho e outubro do ano passado. Na ocasião, com o compromisso dos Correios de submeter o projeto ao DPH, a reforma continuou.
Não foi a primeira vez que um imbróglio adiou a recuperação do edifício. Em 2003, os Correios rescindiram contrato com a construtora Triunfo, vencedora, em 2002, da primeira licitação. A área cultural do prédio foi batizada, à época, de Instituto Cultural Sérgio Motta (1940-1998), em homenagem ao ministro das Comunicações do governo FHC. A placa do instituto, com o rosto de Motta em bronze, está guardada, intacta, no primeiro andar.


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