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10% dos pacientes com tuberculose deixam tratamento
Índice no Estado de São Paulo é acima do limite de 5% estabelecido pela OMS; interrupção da medicação pode agravar a doença
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 10% dos pacientes
com tuberculose abandonam o
tratamento no Estado de São
Paulo, segundo levantamento
realizado pela Secretaria Estadual da Saúde referente ao ano
de 2006. Com o resultado, o Estado permanece acima do limite máximo de 5% estabelecido
pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O desempenho de 2006, entretanto, é um pouco melhor do
que o de 2005 (11%) e do que o
geral do país (13%).
Segundo a diretora da divisão
de tuberculose da secretaria,
Vera Galezi, muitos pacientes
deixam de tomar os remédios
receitados após os primeiros 15
dias de tratamento, quando já
acontece uma melhora no quadro clínico.
"Isso é grave porque interromper o tratamento pode causar resistência a remédios e fazer com que a doença reapareça
mais forte", afirma Galezi.
Se não for tratada corretamente, a tuberculose pode evoluir da forma sensível, menos
grave, até a XDR, que é resistente a quase todos os antibióticos e leva à morte na maioria
dos casos. São 5.000 os mortos
pela doença anualmente no
Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde.
Para tentar diminuir o número de abandonos, a secretaria anuncia hoje, Dia Mundial
da Tuberculose, uma ação para
capacitar profissionais de centros de atenção à doença no
atendimento a pacientes que
resistem à medicação.
"Vamos reconhecer oficialmente diversos centros como
de atenção secundária, o que
significa que iremos aprofundar a capacitação desses profissionais e que passaremos a deixar também com eles o atendimento de casos de maior complexidade", afirma Vera. Segundo a diretora, já há pelo menos duas datas previstas para a
capacitação até o meio do ano.
Com o anúncio de hoje, São
Paulo passa a ter 30 centros referenciados, incluindo os que já
fazem tradicionalmente atendimentos mais complexos, como o Instituto de Infectologia
Emílio Ribas e o Hospital das
Clínicas de São Paulo.
Cura
Além de tentar reduzir o número de abandonos, o Estado
busca melhorar o percentual de
cura da doença. O levantamento feito pela Secretaria da Saúde mostrou que esse índice foi
de 76,9% em 2006, quando o
Estado registrou 8.601 novos
casos de tuberculose bacilar. O
mínimo recomendado pela
OMS é, no entanto, de 85%.
Entre os principais afetados
estão os moradores de rua, grupo no qual a incidência chega a
1.000 casos a cada 100 mil habitantes. Presidiários também
são vítimas comuns, com 800
casos. Isso porque a transmissão da tuberculose ocorre por
meio de secreções respiratórias
expelidas pelo doente. Aglomerações podem, portanto, facilitar a disseminação do bacilo de
Koch ou de outras bactérias
causadoras da doença.
Entre os sintomas mais freqüentes da tuberculose estão a
tosse por um período superior
a três semanas, febre, falta de
apetite, emagrecimento, cansaço e suores noturnos.
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