São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 2008

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10% dos pacientes com tuberculose deixam tratamento

Índice no Estado de São Paulo é acima do limite de 5% estabelecido pela OMS; interrupção da medicação pode agravar a doença

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 10% dos pacientes com tuberculose abandonam o tratamento no Estado de São Paulo, segundo levantamento realizado pela Secretaria Estadual da Saúde referente ao ano de 2006. Com o resultado, o Estado permanece acima do limite máximo de 5% estabelecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O desempenho de 2006, entretanto, é um pouco melhor do que o de 2005 (11%) e do que o geral do país (13%).
Segundo a diretora da divisão de tuberculose da secretaria, Vera Galezi, muitos pacientes deixam de tomar os remédios receitados após os primeiros 15 dias de tratamento, quando já acontece uma melhora no quadro clínico.
"Isso é grave porque interromper o tratamento pode causar resistência a remédios e fazer com que a doença reapareça mais forte", afirma Galezi.
Se não for tratada corretamente, a tuberculose pode evoluir da forma sensível, menos grave, até a XDR, que é resistente a quase todos os antibióticos e leva à morte na maioria dos casos. São 5.000 os mortos pela doença anualmente no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde.
Para tentar diminuir o número de abandonos, a secretaria anuncia hoje, Dia Mundial da Tuberculose, uma ação para capacitar profissionais de centros de atenção à doença no atendimento a pacientes que resistem à medicação.
"Vamos reconhecer oficialmente diversos centros como de atenção secundária, o que significa que iremos aprofundar a capacitação desses profissionais e que passaremos a deixar também com eles o atendimento de casos de maior complexidade", afirma Vera. Segundo a diretora, já há pelo menos duas datas previstas para a capacitação até o meio do ano.
Com o anúncio de hoje, São Paulo passa a ter 30 centros referenciados, incluindo os que já fazem tradicionalmente atendimentos mais complexos, como o Instituto de Infectologia Emílio Ribas e o Hospital das Clínicas de São Paulo.

Cura
Além de tentar reduzir o número de abandonos, o Estado busca melhorar o percentual de cura da doença. O levantamento feito pela Secretaria da Saúde mostrou que esse índice foi de 76,9% em 2006, quando o Estado registrou 8.601 novos casos de tuberculose bacilar. O mínimo recomendado pela OMS é, no entanto, de 85%.
Entre os principais afetados estão os moradores de rua, grupo no qual a incidência chega a 1.000 casos a cada 100 mil habitantes. Presidiários também são vítimas comuns, com 800 casos. Isso porque a transmissão da tuberculose ocorre por meio de secreções respiratórias expelidas pelo doente. Aglomerações podem, portanto, facilitar a disseminação do bacilo de Koch ou de outras bactérias causadoras da doença.
Entre os sintomas mais freqüentes da tuberculose estão a tosse por um período superior a três semanas, febre, falta de apetite, emagrecimento, cansaço e suores noturnos.


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