São Paulo, quinta-feira, 24 de março de 2011

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EDISON DA CUNHA SWAIN (1938-2011)

As consultas com o ortodontista

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Uma consulta com Edison da Cunha Swain às vezes só se efetivava se marcada com seis meses de antecedência, tamanha a disputa por um horário com o ortodontista.
Ele era de São José (SC) e, antes de vir a São Paulo, morou em cidades como Jundiaí e Santos, porque o pai, comunista, sofreu perseguição política e teve de se mudar.
Quando viveu no litoral paulista, o próprio Edison, então estudante, iria se interessar pelo assunto. A exemplo do pai, ele e os irmãos foram do Partido Comunista.
Em Lins (SP), ele estudou odontologia. Depois de formado, começou na capital paulista. Reeducava o movimento dos maxilares, da boca e da língua de seus pacientes. Muitos deles costumavam vir de SC e PR para vê-lo.
Uma paciente antiga de Joinville (SC), por exemplo, além de ter colocado os filhos para se tratar com Edison, tornou-se sua grande amiga.
Para muitos de seus clientes, não era só ortodontista, mas psiquiatra e terapeuta.
Naturalista ferrenho, ajudou, ao lado de uma parteira, uma das filhas a ter seus dois bebês na banheira de casa, respirando adequadamente e sem recorrer à anestesia.
Segundo a família, ele fazia exercícios de meditação e se preocupava com a alimentação para aguentar as 12 horas diárias de trabalho.
Sempre que lhe aparecia um tempo livre, dedicava-se à fazenda em Guaraniaçu (PR), onde tinha um projeto de pecuária sustentável.
Trabalhou até a semana do Carnaval. Há um mês, teve um câncer diagnosticado.
Viúvo desde 2001, morreu anteontem, aos 72 anos. Teve quatro filhos e quatro netos.

coluna.obituario@uol.com.br


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