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NARCOTRÁFICO
Segundo delegado, Leonardo Mendonça, que está em liberdade, comandaria o comércio de drogas no atacado
Para PF, Beira-Mar é subchefe de quadrilha
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Apontado pelas autoridades colombianas como o "Pablo Escobar brasileiro", o traficante Fernandinho Beira-Mar é, no entanto, considerado pela Polícia Federal um personagem secundário
no tráfico internacional de cocaína que envolve Colômbia, Brasil e
países vizinhos.
Para a PF, o maior traficante seria do mineiro Leonardo Dias
Mendonça, que ficou preso em
Belém de novembro de 99 a outubro passado, quando foi posto em
liberdade por habeas corpus do
Superior Tribunal de Justiça.
Mendonça responde em liberdade a processo em Marabá (PA)
resultante da Operação Tornado,
conduzida de 97 a 99 e que
apreendeu 24 aviões e 2,4 toneladas de cocaína em seis Estados e
na Guiana e no Suriname.
Mendonça foi denunciado à
Justiça pelo Ministério Público
Federal do Pará como ""elemento
central", no Brasil, de uma organização batizada de Suri-Cartel,
que transportaria a cocaína da
Colômbia para o Suriname e
Guiana, de onde a droga seguiria
para os EUA e Europa.
Para o delegado Mauro Spósito,
ex-coordenador da Operação
Tornado, Beira-Mar seria apenas
empregado da organização de
Mendonça. Ele diz que a PF reuniu indícios e provas de que o mineiro seria o principal gerente do
narcotráfico no país. Segundo
Spósito, o Suri-Cartel teria transportado mais de 30 toneladas de
cocaína, em aviões brasileiros,
contratados por Mendonça.
A Superintendência da PF no
Pará diz que o suposto traficante
foi posto em liberdade por ter sido ultrapassado o prazo de prisão
temporária. Mendonça está indiciado em outro inquérito da PF,
que investiga a origem de 144 quilos de cocaína apreendidos no
Maranhão, em 98.
É também investigado por suposto esquema de lavagem de dinheiro do narcotráfico, com o uso
de construtoras que prestam serviços a prefeituras do sul do Pará.
Assim como Beira-Mar, Mendonça é acusado de fornecer armas às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em
troca de cocaína.
A acusação foi feita em 98, na
Holanda, pelo surinamês Bernardus Nanhu, que afirmou ter servido de intérprete de Mendonça nas
negociações de troca de armas
por droga, de 93 a 96. O depoimento associa o brasileiro ao ex-ditador do Suriname, Desi Bouterse. Segundo Nanhu, o filho do
ex-ditador, Dino Bouterse, seria
sócio de Mendonça.
O governo do Rio discorda da
avaliação da PF sobre a importância de Beira-Mar e Mendonça. No
organograma da quadrilha de
Beira-Mar organizado pela polícia e pelo Ministério Público do
Rio, o mineiro estaria hierarquicamente abaixo do traficante preso na Colômbia.
A polícia do Rio se baseia no
conteúdo de telefonemas de Beira-Mar gravados com ordem judicial. Mendonça seria o responsável pelo fornecimento de armas
a Beira-Mar. O armamento serviria de moeda de troca com as
Farc. Segundo os policiais, Beira-Mar responderia por mais de 50%
da droga comercializada no Brasil. "Ele é o traficante mais importante já preso no país", afirma o
governador Anthony Garotinho.
O advogado de Mendonça, Oswaldo Serrão, disse nunca ter ouvido falar da ligação entre seu
cliente e Beira-Mar. "O que existe
é uma acusação de ele chefiar o
Suri-Cartel." "A vinculação dele
(Mendonça) a Beira-Mar não tem
qualquer tipo de linha de sustentação", afirmou.
Colaboraram Ana Wambier e Luiz Antônio Ryff, da Sucursal do Rio
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