São Paulo, quarta-feira, 24 de abril de 2002

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ADMINISTRAÇÃO

Petistas evitam votar contas de Maluf

MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Vereadores da bancada do PT evitaram ontem votar o parecer do Tribunal de Contas do Município que aprovou com ressalvas as contas do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) relativas ao exercício de 1995.
Caso as contas fossem rejeitadas, Maluf, que é pré-candidato ao governo do Estado pelo PPB, se tornaria inelegível. Para rejeitar o parecer, é necessário o voto de 37 dos 55 vereadores.
A tentativa de votar o parecer foi do vereador Milton Leite, cujo partido, o PMDB, vem negociando com o PT a presidência da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) em troca de apoio na Câmara. Ontem, porém, o vereador afirmou que teve o objetivo de verificar se há algum tipo de acordo entre os petistas e o ex-prefeito. "Fiz isso para saber quem está de fato com o Maluf."
Leite propôs uma inversão da pauta para que o parecer pudesse ser votado. Apenas 15 vereadores votaram. Salim Curiati (PPB) foi o único voto contrário à inversão. Dos 14 vereadores que votaram a favor, nenhum era do PT, embora quase toda a bancada do partido estivesse no plenário.
A Folha apurou que Milton Leite também estaria mandando um recado aos petistas, que indicaram a arquiteta Nadia Somekh, ligada ao PT, vice-presidente da Emurb. O PMDB também tinha interesse nesse cargo.
É a segunda vez que o governo de Marta é acusado de favorecer Maluf. Na semana passada, ela se recusou a contratar um advogado para acompanhar as investigações de contas bancárias do ex-prefeito em Genebra. Ela alegou que não havia provas conclusivas de desvio de dinheiro do município para justificar o emprego de verbas públicas na investigação.
"Isso é uma prova de que o PT está junto com Maluf, um defende o outro quando é necessário", disse Gilberto Natalini (PSDB). Vereadores da oposição também lembraram declaração recente de Maluf admitindo a hipótese de votar no pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, num eventual segundo turno das eleições presidenciais.
"Está claro isso [acordo entre PT e PPB". O PT não deixa sair a CPI das grandes obras. O PT não vota as contas do Maluf", ironizou Milton Leite.
Segundo o líder do governo na Câmara, José Mentor (PT), a atitude do partido não significa um apoio a Maluf. "O governo não tem posição sobre isso porque se trata de contas de outro prefeito."
Carlos Neder (PT) justificou a posição do partido dizendo que a rejeição das contas tumultuaria a votação de projetos urgentes.
"Isso é conversa. A Câmara já está travada há quanto tempo?", questionou Milton Leite, lembrando que, por falta de acordo, nenhum projeto importante tem sido votado desde o início do ano.
Embora tenham aprovado as contas de 1995, os conselheiros do TCM fizeram uma ressalva, apontando que Maluf deixou de investir os 30% obrigatórios para a educação estipulados pela Lei Orgânica do Município na época.
Na ocasião, a bancada do PT afirmou que a ressalva justificaria a rejeição das contas em plenário.
O problema é que, na atual gestão, o PT não conseguiu chegar a um acordo em relação à verba obrigatória para a educação. No ano passado, a Câmara aprovou o projeto de Marta que incluía novos gastos nessa verba.
O assunto voltou à tona na semana passada, após a expulsão do vereador Carlos Giannazi -único do partido a ter votado contra o projeto de Marta.



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