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CAOS NO RIO
Violência do tráfico e ameaça de intervenção federal levam Garotinho a assumir a Segurança
Contra crise, Rosinha apela ao marido
Marco Antônio Rezende /Folha Imagem
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Da esq. para dir., Josias Quintal, Rosinha e seu marido, Garotinho |
ANTÔNIO GOIS
SÉRGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Num gesto inesperado, a governadora do Rio, Rosinha Matheus
(PSB), anunciou ontem que a partir de segunda-feira seu marido e
ex-governador do Estado, Anthony Garotinho (PSB), 42, assumirá a Secretaria de Segurança
Pública do Estado, hoje ocupada
por Josias Quintal, coronel reformado da Polícia Militar.
O anúncio acontece em meio ao
recrudescimento de ações violentas do narcotráfico e cinco dias
depois de a Folha ter revelado que
o governo federal cogitava, em
uma hipótese extrema, intervir no
comando da segurança do Rio.
Segundo Garotinho e Rosinha, a
decisão já havia sido negociada
"algumas semanas" atrás com
Quintal. A Folha apurou que ela
foi sacramentada anteontem, numa reunião da qual participaram
o casal, Quintal e o secretário de
Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos.
A escolha de Garotinho surpreendeu integrantes das cúpulas
da secretaria e da Polícia Civil,
embora o ex-governador viesse
atuando como assessor informal
da mulher. Em março, ele participou de reunião de Rosinha com o
ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Rosinha, por sua vez,
foi secretária de Ação Social no
governo do marido, o que lhe permitiu disputar o Estado em 2002.
Na Secretaria de Segurança,
Quintal já sinalizava que em breve
trocaria o Rio por Brasília, onde
tem mandato de deputado federal
a cumprir. Seus assessores diretos
acreditavam que sua saída ocorreria em maio e que o substituto
seria o desembargador Marcus
Faver, ex-presidente do Tribunal
de Justiça do Rio. Faver disse que
não chegou a ser convidado.
"Não há dúvida de que vivemos
um momento difícil. Para um político de tantos êxitos eleitorais
como eu, talvez esse não fosse o
momento mais adequado para
assumir a Secretaria de Segurança
Pública. Mas, na vida, temos que
optar entre o compromisso com a
população e os nossos desejos
pessoais", afirmou Garotinho.
A troca no comando da segurança foi anunciada em uma entrevista na qual estavam presentes
o primeiro casal e Quintal. Rosinha negou que estivesse afastando Quintal por estar insatisfeita
com seu trabalho. "O coronel Josias havia demonstrado anteriormente uma vontade de cumprir o
seu mandato de deputado ou parte dele. Agora, com o Garotinho
aceitando o meu convite, ele poderá cumprir parte do mandato."
Segundo a governadora, seu
marido sempre soube que ocuparia em seu governo a secretaria
que quisesse. "Estou colocando
na secretaria o que eu tenho de
mais importante na vida, que é o
meu marido", disse.
O ex-governador afirmou que
seu comando na secretaria não dificultará os entendimentos com o
governo federal -apesar de ser
do PSB, partido aliado do governo Lula, ele tem feito críticas contundentes ao Planalto. O atual secretário Nacional de Segurança,
Luiz Eduardo Soares, foi demitido por Garotinho em 2000 da
coordenação da Secretaria de Segurança do Estado.
"Não haverá problemas [com
Soares". Eu sei que ele está cumprindo sua função. Acho que estão acontecendo mal-entendidos
na relação entre o governo federal
e o Estado. Não houve recusa em
nenhum momento do Estado em
colaborar", afirmou Garotinho.
Horas depois, o secretário desembarcou em Brasília para conversar com deputados federais do
PSB e tentar, como primeiro ato,
buscar apoio do governo federal.
O ex-governador se encontra
hoje pela manhã com o ministro
Márcio Thomaz Bastos (Justiça),
reunião que foi intermediada pelo
deputado Eduardo Campos (CE),
líder da bancada do PSB.
"Vou apenas esclarecer essas
notícias infundadas que têm sido
publicadas de que o Rio não quer
a colaboração do governo federal
(...) estamos prontos e abertos a
todo entendimento, porque o que
o que interessa é a segurança do
povo do Rio", disse.
Segundo ele, não passam de
boatos as informações de que a
governadora Rosinha Matheus
seria contrária ao Sistema Único
de Segurança Pública.
Garotinho se reuniu durante a
noite com a bancada federal do
PSB e com deputados do Rio. No
encontro, sugeriu que os parlamentares apresentem um projeto
que torne inafiançável o crime de
roubo e receptação de veículos
roubados, o que é, segundo ele,
uma das principais fontes de financiamento do narcotráfico.
Colaborou RANIER BRAGON, da Sucursal de Brasília
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