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SAÚDE
Secretaria estima déficit de 200 leitos no Estado; superlotação piora com aumento de casos de dengue hemorrágica
17 pessoas morrem por falta de UTI no CE
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Duas das 29 pessoas que esperavam vagas para serem atendidas
em UTIs (Unidades de Terapia
Intensiva) nos hospitais públicos
de Fortaleza (CE) morreram ontem. Com elas, aumenta para 17 o
número de mortes ocorridas nos
últimos dez dias por falta de leitos.
O déficit de UTIs no Ceará é de
pelo menos 200 leitos, segundo
cálculos da Secretaria Estadual de
Saúde. Porém o número pode ser
muito maior, como afirmou ontem o deputado estadual Heitor
Férrer (PDT), da Comissão de
Saúde da Assembléia Legislativa,
e chegar a 1.800 leitos.
O problema se agrava pelo não-reajuste da tabela do SUS (Sistema Único de Saúde) há cinco
anos. O valor pago pelo governo
federal pela diária de um leito de
UTI é de R$ 170, enquanto os gastos com pacientes internados podem chegar a até R$ 1.000 por dia.
Com isso, hospitais privados se
recusam a fazer convênio com o
SUS. Dos 510 leitos de UTI que
existem no Ceará, 183 são de hospitais particulares ou filantrópicos e não são conveniados.
Uma liminar concedida anteontem pela Justiça Federal determinou que todos os doentes que estão na fila sejam transferidos para
leitos particulares e que todas as
despesas sejam pagas pelo Estado
e pelas prefeituras. Até ontem, porém, nenhum paciente havia sido
transferido.
A espera dos pacientes ocorre
nos corredores e nas salas de ressuscitação dos hospitais do Estado e do município de Fortaleza,
que recebem doentes de todo o
Ceará. Existem apenas 95 leitos de
UTI no interior do Estado.
Para tentar amenizar esse déficit, a Prefeitura de Fortaleza
anunciou que irá contratar, depois de fazer uma licitação com
tomada de preços, 30 leitos de
hospitais particulares, com recursos próprios. A transferência de
doentes para esses leitos não tem
data marcada.
O governo do Estado inaugurou
ontem sete leitos na UTI do Hospital São José e propôs dobrar o
valor pago pelo SUS para contratar leitos emergenciais em hospitais particulares.
O secretário estadual de Saúde,
Jurandir Frutuoso, se reuniu ontem com o ministro da Saúde,
Humberto Costa, e solicitou uma
verba de R$ 4,7 milhões para a
instalação emergencial de 35 novos leitos. A liberação da verba,
porém, não foi confirmada.
A superlotação dos leitos de
UTI foi acentuada pelo aumento
do número de casos de dengue
hemorrágica. O tratamento dos
casos mais graves tem que ser feito em UTIs. Só neste ano, foram
118 casos da doença no Estado,
com quatro mortes confirmadas.
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