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São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2003

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SAÚDE

Secretaria estima déficit de 200 leitos no Estado; superlotação piora com aumento de casos de dengue hemorrágica

17 pessoas morrem por falta de UTI no CE

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Duas das 29 pessoas que esperavam vagas para serem atendidas em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) nos hospitais públicos de Fortaleza (CE) morreram ontem. Com elas, aumenta para 17 o número de mortes ocorridas nos últimos dez dias por falta de leitos.
O déficit de UTIs no Ceará é de pelo menos 200 leitos, segundo cálculos da Secretaria Estadual de Saúde. Porém o número pode ser muito maior, como afirmou ontem o deputado estadual Heitor Férrer (PDT), da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa, e chegar a 1.800 leitos.
O problema se agrava pelo não-reajuste da tabela do SUS (Sistema Único de Saúde) há cinco anos. O valor pago pelo governo federal pela diária de um leito de UTI é de R$ 170, enquanto os gastos com pacientes internados podem chegar a até R$ 1.000 por dia. Com isso, hospitais privados se recusam a fazer convênio com o SUS. Dos 510 leitos de UTI que existem no Ceará, 183 são de hospitais particulares ou filantrópicos e não são conveniados.
Uma liminar concedida anteontem pela Justiça Federal determinou que todos os doentes que estão na fila sejam transferidos para leitos particulares e que todas as despesas sejam pagas pelo Estado e pelas prefeituras. Até ontem, porém, nenhum paciente havia sido transferido.
A espera dos pacientes ocorre nos corredores e nas salas de ressuscitação dos hospitais do Estado e do município de Fortaleza, que recebem doentes de todo o Ceará. Existem apenas 95 leitos de UTI no interior do Estado.
Para tentar amenizar esse déficit, a Prefeitura de Fortaleza anunciou que irá contratar, depois de fazer uma licitação com tomada de preços, 30 leitos de hospitais particulares, com recursos próprios. A transferência de doentes para esses leitos não tem data marcada.
O governo do Estado inaugurou ontem sete leitos na UTI do Hospital São José e propôs dobrar o valor pago pelo SUS para contratar leitos emergenciais em hospitais particulares.
O secretário estadual de Saúde, Jurandir Frutuoso, se reuniu ontem com o ministro da Saúde, Humberto Costa, e solicitou uma verba de R$ 4,7 milhões para a instalação emergencial de 35 novos leitos. A liberação da verba, porém, não foi confirmada.
A superlotação dos leitos de UTI foi acentuada pelo aumento do número de casos de dengue hemorrágica. O tratamento dos casos mais graves tem que ser feito em UTIs. Só neste ano, foram 118 casos da doença no Estado, com quatro mortes confirmadas.


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